
🎙️ Lula vai à Rússia com discurso de paz, mas clima com Ucrânia continua tenso
Celso Amorim afirma que presidente quer promover negociações, mesmo com críticas de Zelensky
Apesar de estar distante das mesas principais de negociação sobre a guerra na Ucrânia, o presidente Lula tentará cumprir o papel de “mensageiro da paz” durante sua viagem à Rússia, prevista para o início de maio. A afirmação foi feita por Celso Amorim, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, durante um encontro dos BRICS no Itamaraty.
Segundo Amorim, Lula levará uma mensagem de apoio à paz tanto em Moscou quanto em Pequim. Ele também reafirmou a defesa da proposta de cessar-fogo construída por Brasil e China, dentro do grupo chamado “Amigos da Paz” — criado no ano passado com o objetivo de encontrar uma solução diplomática para o conflito entre Rússia e Ucrânia.
“Essa plataforma segue válida e pode contribuir para as negociações”, disse Amorim, ressaltando que o Brasil vê com bons olhos qualquer esforço internacional que busque o fim da guerra.
Mas, se por um lado o governo brasileiro insiste em um tom pacificador, por outro o clima com Kiev continua gelado. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já chamou o plano proposto por Lula de “destrutivo” e tem recusado contato direto com o brasileiro. Entre março e abril deste ano, pelo menos duas tentativas de ligação feitas por Brasília foram ignoradas pelo governo ucraniano.
A tensão cresceu ainda mais com o anúncio da participação de Lula nas comemorações do Dia da Vitória em Moscou, em 9 de maio — data que marca o triunfo da União Soviética sobre os nazistas. Para os ucranianos, o gesto foi lido como mais um aceno favorável a Vladimir Putin.
Mesmo assim, o então embaixador da Ucrânia no Brasil, Andrii Melnyk, ainda tentou suavizar o impasse ao convidar Lula para visitar Kiev antes do evento na Rússia. O Planalto, por ora, responde que só poderá considerar a viagem caso receba um convite formal.