
CPI contra Nikolas Ferreira? Ou seria distração para Janones evitar o espelho?
Enquanto acusações voam, rachadinhas de Janones ganham um silêncio ensurdecedor
O deputado André Janones (Avante) resolveu chamar atenção com uma proposta polêmica: abrir uma CPI para investigar o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). A justificativa? Um vídeo de Nikolas que, segundo Janones, seria um “crime contra a economia popular”. Mas será que a moral de Janones está intacta o suficiente para liderar essa cruzada?
Em tom inflamado nas redes sociais, Janones acusou Nikolas de espalhar “desinformação” sobre a norma da Receita Federal para monitorar o Pix. Ele chamou o deputado mineiro de “bandido” e insinuou que tudo foi uma jogada orquestrada por marqueteiros ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Janones promete “agir pela Justiça” e buscar as 171 assinaturas necessárias para criar a CPI.
Entretanto, a proposta levanta mais perguntas do que respostas. Afinal, o próprio Janones enfrenta acusações sérias feitas por ex-assessores, que o acusam de praticar a famigerada “rachadinha” – aquele esquema em que parlamentares embolsam parte do salário dos seus subordinados. Estranhamente, o assunto foi deixado de lado em meio ao frenesi de ataques a Nikolas.
A polêmica do Pix:
O vídeo de Nikolas Ferreira, com mais de 300 milhões de visualizações, foi o estopim de um desgaste colossal para o governo Lula. A repercussão forçou o Planalto a recuar na norma que previa o monitoramento de transações via Pix acima de R$ 5 mil. Nikolas apontou inconsistências, mencionou promessas descumpridas e sugeriu que o governo estava apenas “de olho no seu bolso”.
Janones contra-atacou, alegando que o vídeo foi “roteirizado” e financiado com dinheiro suspeito. Contudo, até agora, ele não apresentou provas concretas nem detalhou as assinaturas para a CPI.
Hipocrisia na política?
Curiosamente, enquanto Janones brada contra Nikolas, seus próprios problemas parecem convenientemente apagados. Ex-assessores acusam-no de esquemas de rachadinha, mas o parlamentar mantém silêncio sobre essas denúncias. Será que o entusiasmo de Janones para investigar “fake news” é genuíno ou apenas uma tentativa de desviar o foco?
O que diz a lei?
Os crimes contra a economia popular citados por Janones estão previstos na Lei 1.521/51, que trata de manipulações no mercado e práticas anticoncorrenciais. No entanto, acusar um vídeo de crime contra a economia popular soa como um exagero retórico que carece de fundamento jurídico sólido.
Reflexão final:
A proposta de Janones poderia ser uma chance de fortalecer o debate sobre ética na política e desinformação. Mas, sem autocrítica e transparência sobre suas próprias acusações, a iniciativa soa mais como teatro político do que um esforço legítimo. Enquanto isso, o trabalhador brasileiro segue assistindo a esses jogos de poder, perguntando-se quem realmente está preocupado com sua vida.