🔆 Sol com tarifa: Governo Lula quer frear importação de painéis solares para turbinar indústria nacional

🔆 Sol com tarifa: Governo Lula quer frear importação de painéis solares para turbinar indústria nacional

A ideia é valorizar a produção brasileira, gerar empregos e diminuir a dependência de componentes vindos do exterior. Mas o custo pode recair no bolso de quem quer investir em energia limpa.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda mais um aumento nas tarifas de importação de painéis solares, como forma de impulsionar a fabricação desses equipamentos dentro do Brasil. A proposta está sendo analisada pela Camex (Câmara de Comércio Exterior), órgão responsável por esse tipo de medida.

Esse movimento de proteção à indústria nacional não começou agora. No fim de 2024, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, já havia anunciado um salto de 9,6% para 25% no imposto de importação. Essa mudança começa a valer em julho de 2025.

Segundo o governo, a meta é fortalecer a cadeia produtiva nacional — incluindo a fabricação de células, wafers e módulos —, reduzir a dependência de peças vindas de fora e aumentar o valor agregado da produção brasileira. A expectativa é ousada: gerar cerca de 21 mil empregos diretos, outros 100 mil indiretos, além de atrair R$ 1,6 bilhão por ano em investimentos para pesquisa e desenvolvimento na área.

Apesar do discurso voltado à sustentabilidade, à reindustrialização e ao cumprimento de metas climáticas, a medida também levanta dúvidas: o aumento da tarifa pode encarecer os projetos de energia solar em um momento em que o setor está em plena expansão no país.

De acordo com a Aneel, até julho de 2024 o Brasil já contava com mais de 21 mil usinas solares e mais de 2,6 milhões de unidades consumidoras com geração própria de energia. A potência instalada da energia solar já representa cerca de 18,7% da matriz elétrica nacional.

A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) destaca que essa fonte já responde por mais de 20% da capacidade energética instalada no Brasil, ficando atrás apenas das hidrelétricas. Em novembro de 2024, o país entrou para o seleto grupo das nações com mais de 50 gigawatts de potência instalada — ao lado de gigantes como China, EUA, Alemanha, Índia e Japão.

O governo federal também vem apostando na energia solar para levar eletricidade a regiões de difícil acesso. Por meio do programa Luz Para Todos, mais de 150 mil moradores da Amazônia Legal já foram beneficiados com kits solares. A meta é atingir 900 mil pessoas até 2026, com a instalação de sistemas completos em mais de 228 mil residências.

Agora, resta saber: essa nova aposta em proteger a indústria nacional vai impulsionar o setor ou afastar investimentos num dos segmentos mais promissores da energia limpa no Brasil?

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