🚨 Cassação à Vista: Conselho de Ética Mira Mandato de Glauber Braga

🚨 Cassação à Vista: Conselho de Ética Mira Mandato de Glauber Braga

Deputado é acusado de agredir militante do MBL, mas afirma ser alvo de perseguição por denunciar o orçamento secreto

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados decidiu, nesta quarta-feira (9), recomendar a cassação do mandato de Glauber Braga (PSOL-RJ). A maioria dos membros (13 a 5) votou a favor da perda do mandato do parlamentar, acusado de agredir fisicamente um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) nas dependências da Câmara, em abril de 2024.

O desfecho, no entanto, ainda depende de uma votação no plenário da Casa: para que a cassação se concretize, são necessários ao menos 257 votos favoráveis dos 513 deputados. Ainda não há data definida para essa decisão final.

Durante a sessão do Conselho de Ética, marcada por gritos, manifestações e muito tumulto, Glauber anunciou que entraria em greve de fome até que o processo fosse concluído. Cercado de apoiadores, o deputado reafirmou que tudo se trata de uma perseguição política, orquestrada por Arthur Lira, ex-presidente da Câmara, com quem vem travando embates públicos nos últimos anos.

Entenda o caso

A denúncia foi feita pelo Partido Novo, após a divulgação de imagens em que Glauber expulsa, com empurrões e chutes, o militante Gabriel Costenaro, do MBL, das dependências da Câmara. Segundo Glauber, sua reação foi uma resposta às provocações sistemáticas do grupo, que teriam culminado em ofensas pessoais à sua mãe, falecida semanas depois do episódio.

O relator do processo, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), afirmou em seu parecer que “não há dúvidas” de que houve agressão, sustentando que as imagens captadas pelas câmeras da Câmara comprovam o ocorrido. Para ele, o comportamento de Glauber “feriu o decoro parlamentar” e “atingiu a dignidade da Casa”.

Mas o parecer não parou por aí: além do episódio com o militante, o relator fez questão de incluir outras atitudes de Glauber, especialmente os confrontos com Arthur Lira, que já haviam sido analisados e arquivados anteriormente. Essa mistura de episódios foi duramente criticada pelos aliados de Glauber, que acusam Magalhães de agir sob influência de Lira.

Perseguição e escândalos

Desde o início do processo, Glauber Braga afirma ser vítima de uma tentativa de silenciamento. Para ele, o episódio do MBL está sendo usado como desculpa para punir sua atuação combativa, principalmente por ter denunciado irregularidades no uso de emendas parlamentares.

Durante a tramitação do caso, Glauber chegou a chamar Arthur Lira de “bandido” e acusou o relator de estar “combinado” com o ex-presidente da Câmara para garantir sua cassação. Um levantamento feito por sua equipe aponta que municípios onde Paulo Magalhães teve maior votação na Bahia receberam quase R$ 40 milhões em emendas, o que, segundo o deputado, reforça a suspeita de interferência política no processo.

E agora?

Glauber ainda pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes que o caso chegue ao plenário. Caso o recurso seja rejeitado, caberá aos deputados decidir se ele manterá ou não seu mandato.

Enquanto isso, o parlamentar segue em greve de fome e insiste que a tentativa de cassação é parte de uma ofensiva mais ampla: calar as vozes que denunciam o orçamento secreto, os acordos de bastidores e o uso político das emendas parlamentares.

“Talvez eu merecesse uma advertência. Mas eu precisava defender a honra da minha mãe. Se eu não tivesse feito isso naquele momento, não sei como teria ficado a minha cabeça”, declarou Glauber, emocionado.

A Câmara está diante de uma escolha que vai além de um episódio isolado. A decisão que será tomada nos próximos dias pode ditar os limites entre o combate político e a censura disfarçada de decoro.

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