
💔 Indignação e Luta: Mães se Revoltam com Veto de Lula à Pensão para Crianças com Síndrome da Zika
Governo oferece apenas R$ 60 mil, enquanto famílias enfrentam gastos de uma vida inteira. Mães pedem ao Congresso que reverta a decisão.
As mães de crianças que nasceram com a síndrome congênita do zika vírus estão revoltadas com a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vetou um projeto de lei que garantia não só uma indenização, mas também uma pensão vitalícia para essas crianças, que convivem com deficiências severas desde o nascimento.
No lugar da pensão mensal, o governo editou uma medida provisória que prevê um pagamento único de R$ 60 mil para cada criança com até 10 anos afetada pela síndrome. Para essas famílias, o valor está longe de ser suficiente diante da enxurrada de despesas que acumulam: medicamentos, consultas, terapias, equipamentos, cirurgias e tudo o que é necessário para oferecer um mínimo de qualidade de vida aos filhos.
E a luta não parou aí. As famílias agora pressionam o Congresso para derrubar o veto. A expectativa é que a votação aconteça na segunda quinzena de junho, mais precisamente na semana do dia 17.
📑 Por que Lula vetou?
O projeto, que havia sido aprovado pelo Congresso, previa R$ 50 mil como indenização por danos morais, além de uma pensão mensal de R$ 7.786,02 — o teto da Previdência Social. Segundo o governo, o veto se deu porque a proposta criaria uma despesa permanente sem apontar de onde viriam os recursos para bancá-la, nem apresentava um estudo sobre o impacto financeiro.
Como compensação, veio a MP que garante um auxílio de R$ 60 mil — o que, para as famílias, está longe de resolver.
O Ministério da Saúde informou que mantém diálogo constante com essas mães desde 2023 e destacou que, só em Pernambuco, mais de 170 crianças foram avaliadas, e 79 estão na fila para cirurgias.
🩺 Realidade cruel: auxílio não cobre nem o básico
Angélica Gonçalves de Oliveira, mãe de uma menina de 9 anos, faz questão de mostrar números que escancaram a realidade: só em 2025, ela já gastou R$ 78 mil com cuidados médicos, suplementos, consultas e adaptações. Só uma cadeira de rodas, adequada às necessidades da filha, custa mais de R$ 3 mil.
“Esse dinheiro não paga nem uma cirurgia ortopédica”, lamenta Angélica, com a voz embargada.
A história de Driely Checcucci, de 35 anos, é igualmente dolorosa. Ela descobriu que a filha tinha microcefalia no parto, em 2015, quando os casos explodiram no país. Desde então, dedica sua vida inteira aos cuidados da criança, que não anda, não fala e sofre com espasmos constantes.
Ela calcula que seus gastos mensais ficam entre R$ 2 mil e R$ 3 mil — sem contar despesas extras, como cirurgias ou equipamentos. Driely sobrevive com o salário do marido e uma pensão do INSS de um salário mínimo. Ela teve que abrir mão de tudo: emprego, estudos, vida social, sonhos.
“Eu não sou mais eu. Eu sou a cuidadora da minha filha, 24 horas por dia. A deficiência dela não afetou só ela, afetou toda nossa família”, desabafa.
E ela é direta ao responsabilizar o poder público: “Essas crianças são vítimas de uma negligência do governo. Faltou saneamento, controle do mosquito. Agora querem empurrar um cala-boca de R$ 60 mil? Isso não cobre nem os anos que já gastamos, quanto mais o que ainda vem pela frente”.
🚩 “Cortina de fumaça” e mobilização no Congresso
Para as associações de mães, a medida do governo não passa de uma tentativa de abafar o debate real: a pensão vitalícia. “Foi um cala-boca descarado, uma cortina de fumaça. E justo no dia da audiência pública que discutiria exatamente a necessidade da pensão mensal”, denuncia Mila Mendonça, mãe de um garoto de 9 anos com a síndrome.
Ela lembra que, fora os custos fixos, muitas famílias estão endividadas, recorrendo a rifas, vaquinhas e empréstimos para conseguir sobreviver. “Esse dinheiro não resolve, só tapa um buraco. Um buraco cheio de boletos, dívidas e desespero.”
✊ Esperança na derrubada do veto
Autora do projeto, a senadora Mara Gabrilli (PSD-SP) está na linha de frente da articulação para derrubar o veto. Segundo ela, conversas com parlamentares da base e da oposição já estão em andamento. A expectativa é de que o tema entre na pauta da sessão do Congresso marcada para 17 de junho.
“Isso é uma questão de reparação histórica. O governo não pode virar as costas para essas famílias, que já foram abandonadas no auge da epidemia. Das mais de 3 mil crianças diagnosticadas, só cerca de 1.500 estão vivas hoje. E nós não vamos permitir que elas sejam esquecidas de novo”, garante a senadora.
A luta segue. E, pelo jeito, essas mães não estão dispostas a recuar.