
💸 Aumento do IOF: Quem vai sentir no bolso? Veja como 11 setores da Bolsa podem ser afetados, segundo a XP
Medida do governo pressiona a economia e pode ter efeito parecido com alta na Selic, mas empresas buscam saídas para driblar o impacto
O governo pegou o mercado de surpresa na última quinta-feira (22) ao anunciar mudanças no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que já começaram a valer desde sexta (23). A nova regra atinge três frentes: previdência privada do tipo VGBL, operações de crédito para empresas e transações em câmbio.
De acordo com a XP Investimentos, a medida tem um peso macroeconômico considerável — algo semelhante a um aumento de 0,25 a 0,50 ponto percentual na taxa Selic. Na prática, fica mais caro tomar crédito e fazer operações no exterior. Apesar disso, a XP acredita que o efeito direto nas empresas da Bolsa deve ser relativamente controlado, já que muitas delas têm espaço para buscar alternativas que aliviem esse baque.
Entre os principais pontos de atenção, a XP destaca três impactos:
- Empresas que dependem muito de capital de giro vão encarar crédito mais caro.
- Negócios que fazem transações em dólar podem sentir o peso do novo IOF de 3,5% sobre câmbio, embora práticas como hedge (proteção cambial) ajudem a amortecer o impacto.
- Fusões, aquisições e investimentos no exterior podem atrasar um pouco, mas sem mudar os planos de longo prazo.
Veja, abaixo, como cada setor da Bolsa deve ser afetado, segundo os analistas da XP:
🚜 Agro, Alimentos e Bebidas — Impacto mínimo
Empresas como Raízen (RAIZ4) e Minerva (BEEF3) podem até sentir um leve aumento na percepção de dívida por conta de operações chamadas de forfait, que são linhas de financiamento ligadas à exportação. Mesmo assim, o impacto no lucro deve ser muito pequeno, segundo os analistas. A maioria das dívidas dessas empresas vem de fontes que não sofrem com o IOF.
🏭 Bens de Capital — Quase imunes
Companhias do setor, que produzem máquinas e equipamentos, não devem sofrer muito. A XP lembra que essas empresas têm baixa exposição ao forfait e contam com bastante crédito subsidiado do BNDES, que não sofre incidência do IOF. Resultado: impacto mínimo tanto na dívida quanto no lucro.
🎓🏥 Educação e Saúde — Sem grandes sustos
Aqui, o risco também é baixo. A maior parte das dívidas dessas empresas vem de debêntures e CRIs, que não entram nessa cobrança. Entre as poucas mais expostas, aparecem Cogna (COGN3) e Hypera (HYPE3), mas o efeito é considerado controlável. As companhias devem buscar outras formas de financiamento para não deixar o custo da dívida pesar.
⚡🚰 Elétricas & Saneamento — Setor bem protegido
O impacto aqui é praticamente neutro. O setor já tem muito endividamento, mas boa parte via debêntures, que estão fora do alcance do novo IOF. Além disso, qualquer aumento no custo da dívida pode ser repassado aos consumidores por meio de reajustes autorizados pela ANEEL. Ou seja, quem pode acabar pagando essa conta, no fim, é o consumidor, e não as empresas.
🏦 Financeiro — Bancos devem repassar o custo
Os bancos tradicionais vão repassar o aumento do IOF aos clientes. Isso deve desacelerar o ritmo de concessão de crédito para empresas. No entanto, como o próprio mercado já espera um 2025 com crescimento mais moderado, o impacto é visto como administrável.
No caso dos bancos digitais, como Inter e Nubank, o efeito direto nas operações de crédito é pequeno, já que eles ainda atuam pouco no crédito para empresas. Porém, eles podem sentir mais nas tarifas vindas de operações internacionais, como o uso de cartão no exterior.
🏘️ Imobiliário — Efeito quase zero
Incorporadoras e empresas de propriedades comerciais devem passar praticamente ilesas. A maior parte da dívida delas está em instrumentos como debêntures e CRIs, que não sofrem com o aumento do IOF. Portanto, a XP não muda sua visão para o setor.
⛏️📄 Mineração, Siderurgia, Papel e Celulose — Leve pressão, mas controlada
Empresas de mineração e siderurgia têm um pouco mais de exposição, principalmente pelas operações de forfait. Ainda assim, como a medida vale só para novas operações, o impacto no lucro de 2025 deve ser limitado. Já o setor de papel e celulose sente menos, pois depende pouco desse tipo de operação.
🛢️ Óleo, Gás e Petroquímicos — Sem grandes mudanças
Para gigantes como Petrobras (PETR4) e PRIO (PRIO3), o peso do IOF é relativamente pequeno. Empresas exportadoras vão precisar se organizar melhor na gestão de fluxo de caixa, principalmente nas conversões de moeda, mas isso não muda o jogo para o setor.