
📉 Déficit das estatais encolhe, mas alerta fiscal segue aceso no governo Lula
Em dois meses, estatais acumulam rombo de R$ 707 milhões. Apesar da melhora em relação a 2024, especialistas pedem cautela e apontam riscos estruturais no cenário fiscal.
As empresas estatais brasileiras começaram 2025 com as contas no vermelho: um déficit de R$ 707 milhões foi registrado no primeiro bimestre, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira (8). Apesar do número negativo, trata-se de uma melhora expressiva de 39,5% em comparação ao mesmo período do ano passado, quando o rombo chegou a R$ 1,168 bilhão.
O governo Lula, no entanto, evita o alarde. A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, afirma que os gastos estão sob controle e dentro do planejamento, ressaltando que boa parte das despesas são bancadas com recursos próprios das estatais.
Federais puxam para baixo, estaduais aliviam
A maior fatia do déficit vem das estatais controladas pela União, que fecharam o período com um rombo de R$ 989 milhões. Entre os fatores apontados por analistas estão os altos custos operacionais, repasses a fundos setoriais e investimentos estratégicos em andamento.
Já as estatais estaduais conseguiram fechar no azul, com um superávit de R$ 681 milhões, o que ajudou a atenuar o impacto total do déficit federal. No caso das empresas municipais, o desempenho foi menos expressivo: prejuízo de R$ 398 milhões, mantendo um padrão similar aos anos anteriores.
Esse retrato desigual evidencia como gestão, arrecadação e prioridades variam bastante entre os entes da federação.
Déficit recua, mas o risco persiste
Embora os números indiquem uma melhora frente aos últimos anos – em 2024, o rombo no mesmo período foi maior, e em 2023 superou os R$ 2 bilhões – o sinal de alerta permanece. Especialistas lembram que as estatais concentram parte expressiva das despesas no início do ano, o que pode distorcer a percepção do desempenho fiscal.
O dado mais alarmante continua sendo o encerramento de 2024: R$ 8,07 bilhões em déficit, o pior resultado desde 2002, quando começou a série histórica do BC.
Governo diz que cenário está sob controle
Segundo Esther Dweck, o déficit não compromete a estabilidade fiscal, pois muitas dessas despesas são previstas, têm financiamento próprio e fazem parte de ciclos regulares de execução orçamentária. A ministra também enfatizou que as estatais mantêm reservas financeiras justamente para momentos de maior desembolso.
Ela ainda argumentou que boa parte dos gastos está ligada a investimentos com retorno econômico e social no médio e longo prazo, o que justificaria o atual perfil das contas.
O Tesouro Nacional endossou essa visão, reforçando que déficits pontuais não devem ser confundidos com desequilíbrio estrutural.
Especialistas pedem atenção aos gastos fixos
Apesar do discurso oficial, economistas chamam atenção para despesas recorrentes, como folha de pagamento, aposentadorias e encargos sociais, que continuam crescendo. Também há preocupação com estatais que dependem de transferências e dividendos, o que pode gerar fragilidade caso as receitas encolham.
Outro ponto crítico é que muitas dessas empresas atuam em setores regulados, o que limita a possibilidade de reajuste nas tarifas – e, consequentemente, na arrecadação.
Para evitar novos desequilíbrios, especialistas defendem investimentos em inovação, modernização e produtividade, além de uma gestão mais transparente e metas financeiras claras.
No fim das contas…
O desempenho das estatais em 2025 mostra um alívio em relação ao passado recente, mas ainda está longe de significar tranquilidade. O equilíbrio futuro dependerá da capacidade do governo de manter a disciplina fiscal mesmo sob pressão política, e de como as estatais vão se adaptar a um cenário que exige mais eficiência com menos margem para erros.