
🔍 CGU descobre sobrepreço milionário e força Dnocs a cancelar licitação bilionária
Auditoria encontrou falhas graves na compra de máquinas agrícolas; economia após revisão passa de R$ 144 milhões
Um rombo de R$ 62 milhões em apenas três itens foi o estopim para o cancelamento de uma licitação de quase R$ 1 bilhão planejada pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). O alerta partiu da Controladoria-Geral da União (CGU), que conduziu uma auditoria após notar o volume crescente de emendas parlamentares direcionadas ao órgão.
O edital previa gastos na casa dos R$ 966 milhões para a aquisição de retroescavadeiras, caminhões e outros equipamentos agrícolas. Mas, segundo o relatório da CGU, houve uma série de erros na formulação dos preços e na definição técnica dos itens. Os maiores exageros estavam em:
- Motoniveladoras: R$ 38,4 milhões acima do valor adequado;
- Escavadeiras hidráulicas: superfaturadas em R$ 13,9 milhões;
- Caminhões guindauto: com R$ 9,8 milhões de sobrepreço.
Com base nesse diagnóstico, o Dnocs suspendeu o edital no fim de novembro do ano passado, antes mesmo de realizar o pregão eletrônico. Em abril deste ano, confirmou oficialmente a revogação da compra, alegando “alterações substanciais no objeto da licitação”.
Ao refazer os cálculos seguindo as orientações da CGU, a economia foi de quase 15% em relação ao orçamento inicial — uma diferença de R$ 144,7 milhões. A promessa do Dnocs agora é publicar um novo edital, ajustado e, em tese, mais próximo da realidade do mercado.
A CGU explicou que decidiu investigar o caso devido ao aumento expressivo no envio de emendas parlamentares ao Dnocs — prática usada por deputados e senadores para turbinar obras e enviar maquinário a municípios aliados. Assim como a Codevasf, o Dnocs virou destino preferencial de recursos do Congresso.
Ambos os órgãos estão na mira de investigações da Polícia Federal, do Ministério Público Federal (MPF) e da própria CGU, em função de suspeitas de corrupção e superfaturamento. Segundo reportagem anterior, o Dnocs saiu de um orçamento nulo para R$ 1,2 bilhão em contratos de pavimentação em menos de três anos — quase sempre impulsionado por emendas.
Procurado para comentar os achados da auditoria, o Dnocs não respondeu.