
🔥 Cruz em chamas e controvérsia: cerimônia do Baep vira alvo de investigação em SP
Comandante afirma que ritual foi simbólico e tradicional na formação de novos policiais, mas repercussão nas redes e comparação com práticas racistas levam o Ministério Público a abrir apuração.
Um vídeo que mostra policiais militares do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), em São José do Rio Preto (SP), incendiando uma cruz durante uma cerimônia, gerou grande polêmica nas redes sociais e acabou parando nas mãos do Ministério Público. As imagens, que chegaram a ser publicadas no Instagram oficial da corporação, mostram agentes perfilados ao redor de uma cruz em chamas, em meio a um cenário iluminado por velas e com o brasão “Baep” em destaque no chão.
O vídeo, que teve rápida repercussão negativa e foi logo apagado, levantou críticas por remeter, segundo internautas, a rituais ligados à Ku Klux Klan e a movimentos de extrema direita. Diante disso, o comandante da unidade, tenente-coronel Costa Junior, veio a público esclarecer que a cena fazia parte de uma cerimônia interna de valorização e entrega de braçais aos novos integrantes do batalhão, e negou qualquer conotação religiosa, ideológica ou discriminatória.
“Não se trata de um ritual, mas de uma cerimônia simbólica que faz parte da nossa tradição para marcar o fim do estágio. A cruz em chamas representa os desafios vencidos, o caminho iluminado simboliza a trajetória percorrida e o brasão de fogo reafirma o compromisso do policial com a sociedade, até com o sacrifício da própria vida”, afirmou o comandante, em vídeo divulgado nesta quarta-feira (16).
Apesar da justificativa, o Ministério Público confirmou que abriu uma investigação e concedeu prazo de dez dias para o comando do Baep explicar detalhadamente o conteúdo e o propósito da cerimônia. A promotoria quer saber se houve infrações disciplinares ou simbologias inadequadas no evento.
Em nota, a Polícia Militar reforçou que o ato fazia parte de uma cerimônia de encerramento de treinamento noturno, com intenção de simbolizar a superação dos limites físicos e mentais dos policiais. Ainda assim, informou que as circunstâncias da gravação estão sendo apuradas e reforçou seu repúdio a qualquer associação com símbolos nazistas, racismo ou intolerância.
A Secretaria de Segurança Pública também se manifestou, dizendo que assim que tomou conhecimento das imagens determinou a instauração de procedimento investigatório. Caso sejam encontradas irregularidades, os responsáveis poderão ser punidos.
A polêmica agora levanta questionamentos não apenas sobre os limites simbólicos em cerimônias militares, mas também sobre a necessidade de maior cuidado e sensibilidade em tempos onde imagens e gestos carregam significados amplos e, muitas vezes, dolorosos.