🔥 Ex-diretor da Abin revela ao STF: “Avisamos o governo sobre risco dos atos golpistas desde o dia 2”

🔥 Ex-diretor da Abin revela ao STF: “Avisamos o governo sobre risco dos atos golpistas desde o dia 2”

Saulo Moura da Cunha afirma que os alertas começaram quase uma semana antes dos ataques, mas contato com a segurança do DF só ocorreu na véspera do 8 de janeiro.

No depoimento prestado nesta terça-feira (27) ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, fez uma revelação contundente: a agência já emitia alertas sobre as movimentações golpistas desde o dia 2 de janeiro de 2023. Mesmo assim, segundo ele, o primeiro contato direto com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) só aconteceu na noite do dia 7 — poucas horas antes dos ataques que chocaram o país no dia 8.

Saulo falou como testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Ele ocupava o cargo na Abin no início do governo Lula, ficando até março de 2023. Em seguida, foi transferido para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), mas acabou exonerado em junho daquele mesmo ano. Essa não foi a primeira vez que falou sobre o tema: ele já havia prestado esclarecimentos na CPMI do 8 de Janeiro, no Senado, em agosto de 2023.

🚨 Alertas ignorados?

De acordo com Saulo Moura, os alertas de inteligência foram enviados ao Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), que reúne órgãos como o GSI, as Forças Armadas, a Defesa, a Polícia Federal e o Ministério da Justiça. Mas até o dia 5 de janeiro, o cenário parecia relativamente tranquilo. Foi a partir daí que começaram a circular nas redes de grupos extremistas convocações claras para ações violentas.

Quando questionado se esses informes chegaram à Secretaria de Segurança do DF, ele foi categórico: “Não. Até o dia 7 não houve envio. A Abin não tem canal direto com a SSP-DF”, explicou. Só na noite do dia 7, às vésperas do caos, ele pediu que seu adjunto falasse com a subsecretária de inteligência do DF, Dra. Marília. Foi então que a SSP-DF montou um grupo virtual, chamado CISPE, para compartilhar informações emergenciais entre cerca de 20 órgãos.

👀 Monitoramento dos acampamentos

O ex-diretor confirmou que a Abin monitorava de perto os acampamentos golpistas, especialmente o que estava em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Inclusive, relatórios sobre a presença de indivíduos com discursos radicais já haviam sido repassados ainda durante o período de transição do governo, tanto ao GSI quanto à Polícia Federal e aos representantes do novo governo.

Um ponto crítico do depoimento foi a confirmação de que, já no dia 6 de janeiro, às 19h40, a Abin alertou sobre a possibilidade de “ações violentas contra prédios públicos e autoridades”, inclusive citando a presença de pessoas armadas.

Mesmo com esse alerta, segundo Saulo, ainda havia dúvidas dentro da própria agência se os manifestantes marchariam até a Esplanada dos Ministérios ou se permaneceriam nos acampamentos. “Só tivemos quase certeza na manhã do dia 8, após uma assembleia dos acampados que decidiu partir em marcha às 13h”, afirmou.

🚌 Movimento de ônibus já chamava atenção

Outro dado importante revelado é que, na noite do dia 7, o volume de ônibus chegando a Brasília disparou. “Às 21h já tinham 25 ônibus estacionados na Granja do Torto. Na manhã do domingo, esse número ultrapassava 100”, disse Saulo. A estimativa interna era de que cerca de 5 mil pessoas haviam se deslocado de ônibus para a capital.

Quando o advogado de defesa perguntou se no dia 6 já era possível ter clareza sobre o tamanho da mobilização, Saulo foi honesto: “Ainda não. Não tínhamos dados concretos. A PRF não compartilhou informações e só a ANTT começou a reportar o fluxo de ônibus no dia 7. Mais do que saber o número, era preciso entender o humor dos manifestantes. E ele estava claramente radicalizado”, relatou.

🏛️ E depois dos alertas?

O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, quis saber se a Abin tinha garantias de que esses alertas chegaram de fato à Secretaria de Segurança do DF. Saulo respondeu que, depois que os documentos eram encaminhados ao GSI, Ministério da Justiça e outros órgãos do SISBIN, a Abin não tinha como acompanhar o destino dessas informações.

“Nosso papel era informar os órgãos competentes. Depois que fazemos isso, não temos mais controle sobre a difusão”, declarou.

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