“A Crise na Câmara: Vereador de Minas Gerais Perde Mandato Após Invasão de Sala Restrita em UBS”

“A Crise na Câmara: Vereador de Minas Gerais Perde Mandato Após Invasão de Sala Restrita em UBS”

Wladimir Canuto é cassado por quebra de decoro parlamentar após invadir uma área de emergência em unidade de saúde; defesa promete recorrer

BELO HORIZONTE, MG — O vereador Wladimir Canuto (Avante), de Felício dos Santos, no Vale do Jequitinhonha, foi cassado pela Câmara Municipal devido a um incidente ocorrido em fevereiro deste ano, quando invadiu uma sala restrita da Unidade Básica de Saúde (UBS) local, destinada a atendimentos de emergência.

Na quinta-feira (17), durante uma sessão da Câmara, a comissão processante recomendou a cassação de Canuto por quebra de decoro parlamentar, decisão que foi aprovada por unanimidade pelos oito vereadores presentes. O vereador não compareceu à sessão, sendo representado por seu advogado. Em resposta, a defesa informou que recorrerá da decisão, alegando que Canuto é inocente e que o processo político-administrativo violou direitos constitucionais. No entanto, os detalhes sobre quais direitos teriam sido violados não foram esclarecidos.

Em suas redes sociais, Canuto afirmou que entrou na UBS para investigar o motivo da fila de pacientes estar parada e que a situação foi distorcida pela Câmara Municipal e pela prefeitura. A denúncia contra ele se baseia na invasão da chamada “sala vermelha”, onde um idoso de 93 anos estava sendo atendido em caráter de urgência. O paciente faleceu horas depois, mas sua filha afirmou que não acredita que a ação do vereador tenha contribuído diretamente para a morte.

Testemunhas ouvidas pela comissão relataram que Canuto foi informado de que apenas profissionais de saúde poderiam ter acesso à sala restrita. Contudo, elas disseram que não havia qualquer sinalização indicando a restrição de entrada. Além disso, a presença do vereador na sala causou desconforto e tensão entre os profissionais de saúde que estavam no local.

Segundo as testemunhas, Canuto permaneceu menos de um minuto na sala e saiu após ser solicitado pela médica de plantão, sem interagir fisicamente com o paciente ou com a equipe médica.

Além da cassação, Canuto foi indiciado pela Polícia Civil por homicídio com dolo eventual, relacionado ao falecimento do idoso. O caso está sob investigação do Ministério Público, que decidirá se apresentará denúncia formal.

Em sua defesa, o advogado de Canuto argumentou que a presença do vereador na UBS foi uma ação legítima no exercício de sua atividade parlamentar, afirmando que ele apenas abriu a porta da sala restrita para perguntar se havia médicos disponíveis, antes de se retirar. O advogado também acrescentou que uma médica teria afirmado que a ação não teve relação com a morte do paciente.

A comissão processante e os vereadores, por sua vez, entenderam que a atitude do vereador foi além dos limites de sua função, configurando constrangimento aos profissionais de saúde e ao corpo médico da UBS.

A Prefeitura de Felício dos Santos se manifestou, destacando que a Câmara Municipal cumpriu seu papel constitucional ao tomar a decisão de cassar o vereador. “A cassação é a resposta necessária diante de atitudes incompatíveis com a conduta esperada de um representante do povo”, declarou a administração municipal.

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