A Prefeitura de Belo Horizonte acaba de revelar um investimento significativo de R$ 18 milhões para a cultura da cidade.
Essa iniciativa promete impulsionar projetos culturais e beneficiar diversos agentes e coletivos, ampliando o acesso e a participação da população nas atividades culturais locais.
Na tarde desta segunda-feira (23/9), a Prefeitura de Belo Horizonte, sob a liderança do prefeito Fuad Noman, revelou um investimento de R$ 18 milhões na cultura da cidade. Porém, é preciso olhar além dos números e refletir sobre a efetividade dessas promessas em um cenário onde muitos artistas e coletivos culturais enfrentam dificuldades diárias.
Durante a cerimônia, Noman assinou decretos que regulamentam a Política Nacional Aldir Blanc e a Política Municipal Cultura Viva. Esses documentos prometem continuidade nas ações culturais, mas a pergunta que ecoa é: será que isso será suficiente para transformar a realidade cultural da cidade?
Os novos editais, que incluem a “Premiação PNAB Cultura Viva” e “Premiação PNAB Agentes Culturais”, visam beneficiar mais de 400 agentes e coletivos, mas será que essa quantidade é realmente significativa? A secretária de Cultura, Eliane Parreiras, destacou a importância de descentralizar e territorializar as oportunidades, mas isso só será verdade se as ações chegarem a quem realmente precisa.
O que chama a atenção, além do investimento, são as promessas de inclusão. Com 25% dos recursos destinados a pessoas negras, 10% a indígenas e 5% a pessoas com deficiência, é um passo positivo, mas isso será suficiente para reparar anos de desigualdade e exclusão na cultura? Será que essas políticas não se tornam apenas palavras vazias em um contexto onde a cultura é tratada como um acessório, e não como um direito fundamental?
Além disso, o programa “Capoeira nas Escolas”, que considera essa expressão cultural como parte da educação, é uma iniciativa louvável, mas ainda carece de um comprometimento genuíno com a valorização e preservação das culturas locais. Como a vereadora Cida Falabella bem disse, a capoeira tem muito a ensinar, mas e o que estamos aprendendo em termos de respeito e valorização das culturas brasileiras em sua totalidade?
Com um balanço de mais de R$ 134 milhões movimentados pela cultura em 2023, atingindo um público de 1,87 milhão de pessoas, é evidente que há um potencial enorme. Mas o verdadeiro desafio está em transformar essa energia em mudanças reais, palpáveis e que respeitem a diversidade cultural do nosso país.
A indignação surge quando vemos o quanto ainda é necessário lutar para que a cultura seja tratada com a dignidade e o respeito que merece. Resta saber se essas iniciativas vão realmente prosperar ou se cairão na mesmice de promessas não cumpridas. É hora de olhar com atenção para a cultura de Belo Horizonte e garantir que todos tenham a oportunidade de brilhar.