A queda de Assad: Israel no tabuleiro sírio, mas sem planejar o xeque-mate

A queda de Assad: Israel no tabuleiro sírio, mas sem planejar o xeque-mate

Rebeldes surpreendem com ofensiva decisiva enquanto Netanyahu celebra um “dia histórico”

A deposição de Bashar al-Assad na Síria foi comemorada por Benjamin Netanyahu como um marco significativo na história da região. O primeiro-ministro israelense atribuiu o desfecho ao enfraquecimento de aliados-chave de Assad, como o Hezbollah e o Irã, graças às ações israelenses. No entanto, especialistas apontam que o movimento rebelde que resultou na queda do líder sírio foi um desenlace inesperado.

Netanyahu e a zona de amortecimento

Em visita à fronteira com a Síria, Netanyahu anunciou que as forças israelenses tomaram áreas estratégicas para proteger o país. Ele enfatizou que Israel não permitirá a presença de forças hostis em suas proximidades. Apesar de celebrar a queda de Assad, analistas consideram que Israel não planejava tal resultado.

Danny Citrinowicz, do Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Tel Aviv, afirmou que as ações de Israel enfraqueceram a posição de Assad, mas sem uma estratégia clara para derrubá-lo. “Foi como um efeito dominó: os golpes sucessivos ao Hezbollah e ao Irã criaram as condições para a ofensiva rebelde, mas isso não estava nos planos de Netanyahu”, explicou.

O colapso de aliados e a ofensiva rebelde

Com o Hezbollah sobrecarregado na guerra civil síria e a Rússia distraída com a guerra na Ucrânia, Assad perdeu os apoios que sustentavam seu regime. Analistas apontam que Israel intensificou ataques ao Hezbollah no Líbano e na Síria após os ataques do Hamas em outubro de 2023, o que enfraqueceu ainda mais as defesas do governo sírio.

Aviv Oreg, ex-agente de inteligência israelense, destacou que o conflito em Gaza marcou uma virada. “Antes, Netanyahu evitava confrontos diretos com o Hezbollah, mas o ataque do Hamas mudou as regras. As ações israelenses criaram uma cadeia de eventos que levaram ao colapso do regime de Assad.”

O inesperado xeque-mate

A mudança na estratégia de Netanyahu, embora não planejada para destituir Assad, resultou em um ganho estratégico significativo para Israel. Especialistas concluem que, mesmo sem uma intenção inicial, as ações israelenses contribuíram para remodelar o equilíbrio de poder na Síria e na região.

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