“Afrodescendente assim gosta de um batuque de tambor’” diz Lula à jovem negra; oposição reage
Na sexta-feira (2 de fevereiro de 2024), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma declaração controversa durante uma visita à fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, São Paulo. Ao discursar sobre investimentos em educação, Lula chamou uma jovem negra ao palco para exemplificar o tema e afirmou que, ao vê-la inicialmente, pensou que ela poderia ser uma cantora, namorada ou até mesmo uma percussionista, pois, segundo ele, “afrodescendente assim gosta de um batuque de um tambor”. No entanto, Lula esclareceu que ela era, na verdade, a “mais importante aprendiz dessa empresa”.
Luiza Eduarda Leôncio, de 20 anos, é operadora especialista da Volkswagen e foi premiada com o Apprentice Award 2023, reconhecimento conferido ao melhor aprendiz da empresa.
As declarações de Lula foram criticadas por alguns políticos da oposição, que consideraram a fala preconceituosa e reforçaram a crítica nas redes sociais. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que Lula limitou a jovem a uma visão preconceituosa e medíocre. O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) criticou a ministra da igualdade racial, Anielle Franco, por não condenar a declaração, e a pré-candidata do Novo à Prefeitura de São Paulo, Marina Helena, destacou a contradição da esquerda em relação ao racismo e machismo.
Em resposta, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República emitiu uma nota afirmando que a declaração de Lula foi uma exemplificação crítica dos estereótipos e que, ouvindo o trecho inteiro, fica claro que não era por esses estereótipos que a jovem estava no palco.
Essa não é a primeira vez que Lula é alvo de críticas por declarações relacionadas a questões raciais. Em julho de 2023, suas palavras de “profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão” geraram controvérsia, levando a uma revisão em sua equipe de discursos e mobilizando o Ministério da Igualdade Racial. O ministro Silvio Almeida, na época, defendeu Lula, argumentando que ele quis destacar a dívida do Brasil com a África.