Aliados de Trump ameaçam CIDH para agir contra Moraes
Republicanos pressionam órgão internacional, condicionando verba a medidas contra decisões do ministro brasileiro.
Congressistas americanos ligados ao presidente eleito Donald Trump intensificaram a ofensiva contra Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Apoiados pela vitória republicana na Casa Branca, quatro deputados do partido enviaram uma carta à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), ameaçando cortar financiamento caso o órgão não tome medidas contra o magistrado.
Ofensiva internacional contra Moraes
O documento, assinado por Christopher H. Smith, Maria Elvira Salazar, Darrel Issa e Carlos A. Gimenez, acusa Moraes de promover violações à liberdade de expressão, citando decisões relacionadas à rede social X (antigo Twitter). Os parlamentares alegam que tais medidas impactam “milhares de brasileiros e cidadãos americanos com negócios no Brasil, além de empresas como a de Elon Musk”.
A carta foi enviada à presidente da CIDH, Roberta Clarke, e ao relator especial de liberdade de expressão, Pedro José Vaca Villarreal. Segundo os republicanos, um pedido anterior de esclarecimentos, feito em maio, foi ignorado. Eles agora cobram respostas sobre as ações do órgão para monitorar o caso.
Pressões financeiras e bloqueio do X
Os congressistas destacaram que, em 2023, os Estados Unidos destinaram US$ 7,3 milhões à CIDH, e insinuaram que futuros repasses dependerão da postura do órgão. “É nosso dever supervisionar o gasto dos contribuintes americanos, e as respostas da CIDH influenciarão nossas decisões orçamentárias”, afirmaram.
Entre as críticas, o bloqueio temporário da plataforma X no Brasil foi citado como exemplo de abuso de autoridade. Apesar de o funcionamento ter sido restabelecido após as eleições, os deputados consideraram que a medida foi “coercitiva e ilegítima”.
Propostas para barrar Moraes nos EUA
Além da pressão à CIDH, os republicanos protocolaram um projeto de lei para impedir a entrada nos Estados Unidos de autoridades estrangeiras que promovam censura contra cidadãos americanos. Maria Elvira Salazar, uma das autoras da proposta, afirmou: “Alexandre de Moraes lidera um ataque internacional à liberdade de expressão que atinge até cidadãos como Elon Musk”.
Resistência e firmeza no STF
Apesar das ameaças e críticas, Moraes tem mantido sua postura firme nos inquéritos que investigam o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. O ministro declarou que não alterará sua forma de atuação no Supremo, mesmo diante das pressões externas.
A carta e as ameaças reforçam a crescente tensão diplomática e política entre o Brasil e os Estados Unidos, enquanto Moraes segue no centro das atenções como alvo de críticas de aliados do trumpismo.