Aliança improvável: Eduardo Bolsonaro defende Ciro após ação da AGU por críticas a Lula

Aliança improvável: Eduardo Bolsonaro defende Ciro após ação da AGU por críticas a Lula

Deputado critica “censura” do governo e se oferece para dialogar com o ex-ministro, que é alvo de processo por acusações contra o presidente

Em mais um episódio curioso do conturbado cenário político brasileiro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, saiu em defesa do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) após a Advocacia-Geral da União (AGU) entrar com uma ação judicial contra ele. Ciro é acusado de ter feito duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas redes sociais, o que teria motivado a ação movida pela AGU na 11ª Vara da Justiça Federal do Ceará.

Eduardo, que está licenciado e atualmente nos Estados Unidos, gravou um vídeo em apoio ao pedetista, classificando a iniciativa do governo como censura:

“Ciro criticou o empréstimo consignado para trabalhadores do setor privado, dizendo que Lula segue sua trajetória de enriquecer os bancos e empobrecer o povo. Se ele não tivesse feito essa denúncia, será que estaria sendo processado? Claro que não”, questionou o deputado.

No vídeo, o parlamentar ainda se mostrou aberto a uma aproximação com Ciro, propondo uma conversa:

“Se você está incomodado com essa censura e quer lutar por liberdade de expressão, por que não conversarmos? Estou à disposição”, declarou Eduardo.

A AGU acusa Ciro de ter associado o presidente a crimes como corrupção e peculato, após o ex-ministro afirmar, em vídeo publicado nas redes, que Lula teria recebido propina para criar o programa “Crédito do Trabalhador”.

A Justiça determinou que Ciro apresentasse sua defesa em até cinco dias — prazo que terminou no início desta semana. Até agora, ele permanece em silêncio.

Vale lembrar que Ciro e Lula já foram aliados no início dos anos 2000, quando o pedetista ocupou o cargo de ministro da Integração Nacional. No entanto, a relação entre os dois se rompeu em 2018, após Ciro recusar ser vice de Lula e viajar a Paris durante o segundo turno da eleição entre Haddad e Bolsonaro.

Desde então, Ciro se tornou um crítico ferrenho do PT e, recentemente, tem se aproximado do bolsonarismo no Ceará, numa tentativa de barrar a reeleição do governador petista Elmano de Freitas. A mudança de postura também o afastou do irmão, o senador Cid Gomes, que deixou o PDT e se filiou ao PSB.

O cenário político brasileiro segue desafiando qualquer roteiro de ficção: ex-aliados virando adversários, e antigos oponentes flertando com alianças em nome da “liberdade de expressão”.

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