Anistia adiada: pressão e impasse freiam avanço de proposta sobre o 8 de Janeiro

Anistia adiada: pressão e impasse freiam avanço de proposta sobre o 8 de Janeiro

Presidente da Câmara, Hugo Motta, recua e retira urgência da pauta após falta de consenso entre líderes; tema volta à estaca zero e só deve ser discutido a partir de maio.

A tentativa de acelerar a votação da anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro esbarrou na falta de acordo entre os partidos. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou nesta quinta-feira (24) que a proposta não será discutida na próxima semana. A decisão veio após reuniões com líderes partidários que representam mais de 400 parlamentares, e a maioria optou por deixar a proposta fora da pauta por enquanto.

“Decidimos adiar a urgência porque não houve consenso suficiente. A pauta vai seguir em negociação”, disse Motta a jornalistas. Ele ainda afirmou que algumas das penas impostas aos condenados são “exageradas”, mas ponderou que o debate precisa amadurecer antes de uma votação.

Mesmo com o recuo temporário, o tema continua a movimentar os bastidores da Câmara. O PL (Partido Liberal), um dos principais defensores da anistia, afirmou que já tem assinaturas suficientes para forçar a votação da urgência — o que permitiria que o projeto fosse diretamente ao plenário, sem passar por comissões. Mas, por ora, ficou decidido que qualquer avanço dependerá de novas rodadas de diálogo.

Na reunião entre as lideranças, apenas PL e Novo pressionaram pela votação imediata ainda em abril. Já siglas como União Brasil, que recentemente recuou da indicação do deputado Pedro Lucas ao governo Lula, pediram mais tempo para costurar acordos. O União tem peso político importante, com 59 deputados, e chegou a fornecer 40 assinaturas pelo regime de urgência.

Após o encontro, o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), prometeu usar táticas de obstrução para pressionar pela inclusão da proposta na pauta, mantendo o tema vivo no Congresso, mesmo com o adiamento.

Assim, o projeto de anistia segue empacado — entre articulações, ameaças de obstrução e uma sociedade ainda dividida sobre o perdão a quem tentou atacar a democracia brasileira.

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