Após 25 anos, o atirador do cinema no Shopping Morumbi foi libertado
Em 2011, Mateus da Costa Meira foi declarado inimputável por conta de um diagnóstico de esquizofrenia. Atualmente, o processo corre em segredo de Justiça.
É revoltante, para dizer o mínimo, ver a soltura de Mateus da Costa Meira, o responsável por um dos crimes mais chocantes que São Paulo já presenciou. Após 25 anos, ele está de volta às ruas, depois de ter tirado três vidas e ferido outras cinco em um ataque brutal dentro de um cinema no Shopping Morumbi, em 1999. O estudante de medicina, na época armado com uma submetralhadora, abriu fogo contra pessoas inocentes que apenas queriam assistir ao filme “Clube da Luta”. Agora, em um movimento que nos faz questionar os limites da Justiça, ele é considerado apto a “reintegrar-se à sociedade”.
O argumento da decisão? Uma nova política antimanicomial. Como se fosse simples assim, permitir que alguém com esse histórico de violência e instabilidade volte ao convívio social. A Justiça afirmou que ele não representa mais perigo, e que exames recentes indicam uma mudança em seu quadro de esquizofrenia. A realidade é que o mesmo homem que uma vez virou suas armas contra pessoas indefesas agora está solto, com a promessa de seguir um tratamento em uma rede privada de saúde. Para quem? Para ele? E as vítimas? Onde está a garantia de que a sociedade não sofrerá novamente com o comportamento de alguém que já provou ser imprevisível?
Entre as condições para sua liberdade estão regras que beiram o irônico: ele não pode frequentar bares, portar armas, nem usar drogas ou álcool. Como se fosse o suficiente para impedir que uma tragédia se repita. A Justiça exige também que ele mantenha bons relacionamentos com amigos e familiares, como se isso fosse capaz de apagar a memória de todos aqueles que perderam seus entes queridos em uma noite de terror.
E, como se tudo isso não fosse o bastante para alimentar a indignação, ainda existe o fato de que, durante o tempo em que esteve preso, Meira se envolveu em novos episódios de violência, incluindo uma tentativa de homicídio contra um companheiro de cela. Mesmo assim, ele foi declarado inimputável em 2011, sob o diagnóstico de esquizofrenia. E agora, por uma dessas reviravoltas que só parecem fazer sentido no mundo jurídico, ele é considerado seguro para voltar à convivência pública. Tudo isso, claro, sob o manto do sigilo da Justiça, como se a sociedade, mais uma vez, fosse meramente um espectador impotente dessa decisão.
Não é apenas um insulto à memória das vítimas e ao sofrimento de suas famílias. É um lembrete assustador de como o sistema pode, às vezes, deixar de proteger os inocentes e, ao invés disso, garantir uma segunda chance a quem já destruiu vidas.