Após crise energética em SP, presidente da Enel deixa cargo
Vinte dias após o apagão que afetou 2,1 milhões de pessoas em São Paulo, o presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno, anunciou sua saída da empresa. O executivo Antonio Scala será seu substituto.
Embora a aposentadoria de Cotugno estivesse prevista antes do incidente, foi adiada para evitar uma possível politização de sua saída, de acordo com fontes da companhia. A decisão foi tomada em reuniões do Conselho das Distribuidoras da Enel Brasil em outubro, e Cotugno prorrogou sua saída para 22 de novembro para apoiar o processo de substituição e lidar com as recentes contingências, conforme comunicado à CNN.
Antonio Scala, com 18 anos de experiência na Enel, assumirá a presidência da empresa. Ele ocupou cargos como chefe de Planejamento e Controle de Global Trading e liderou a Enel Green Power na América do Sul.
A crise teve início em 4 de novembro, quando 2,1 milhões de clientes da Enel ficaram sem energia em São Paulo devido às chuvas do dia anterior. Apesar da promessa de retomar o fornecimento até o dia 7, a companhia não conseguiu cumprir o prazo. Cinco dias depois, a Enel informou que a energia havia sido restabelecida para 99,99% dos clientes.
A empresa enfrentou diversas críticas e medidas legais após o incidente. A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça, acionou a Enel, e comissões da Câmara dos Deputados solicitaram esclarecimentos sobre o apagão. Durante uma sessão da CPI da Enel na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a energia caiu pelo menos três vezes.
Em meio à pressão, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o cancelamento do contrato de concessão com a Enel. Além disso, o Governo de São Paulo aplicou uma multa de R$ 12,7 milhões contra a concessionária por falta de energia e descumprimento do dever legal de prestação de serviços essenciais.