Após nove dias em greve de fome, Glauber Braga recua com promessa de trégua na Câmara

Após nove dias em greve de fome, Glauber Braga recua com promessa de trégua na Câmara


Deputado do PSol aceita acordo com o presidente da Casa, Hugo Motta, que adia por dois meses a votação da cassação. Tempo extra será usado para articulações e defesa política.

Depois de nove dias resistindo só com líquidos, o deputado Glauber Braga (PSol-RJ) decidiu encerrar sua greve de fome. O jejum começou após a aprovação, por 13 votos a 5, de seu processo de cassação na Comissão de Ética da Câmara, em 9 de abril. A paralisação chegou ao fim nesta quinta-feira (17) após um acordo com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que se comprometeu a não levar o caso ao Plenário antes de 60 dias.

“Vou suspender a greve de fome, mas não vou suspender as lutas. Continuamos na batalha contra o orçamento secreto, na cobrança por justiça no caso Marielle, e contra os golpistas. A interrupção do jejum veio após um gesto importante que indica que a perseguição contra mim está sendo revista”, declarou Glauber em tom firme, mas visivelmente debilitado.

O acordo dá a ele um respiro e a chance de montar uma defesa mais consistente para convencer os colegas a não aprovar sua cassação. Hugo Motta divulgou o compromisso por meio de seu perfil no X (antigo Twitter), reforçando que o tempo será útil para “construir diálogo”.

Durante os dias de jejum, Glauber recebeu apoio constante. Ontem, estiveram com ele os deputados Lindbergh Farias (PT-RJ) e Luiza Erundina (PSol-SP). Para a deputada Sâmia Bonfim (PSol-SP), companheira do parlamentar, o esforço agora será dobrado.

“Se não fosse esse gesto extremo, talvez ele já estivesse cassado logo após o feriado de Páscoa. Agora, com esse prazo, vamos batalhar politicamente e juridicamente para impedir essa injustiça. O mandato dele é importante, sim, mas nada mais importante do que ele estar vivo e com saúde para continuar a luta”, afirmou Sâmia, emocionada.

O caso que levou Glauber à berlinda aconteceu em abril deste ano, quando ele se desentendeu com Gabriel Costenaro, do MBL. Os dois trocaram ofensas, e Glauber alegou que foi ofendido com comentários sobre sua mãe, a ex-prefeita de Nova Friburgo, Saudade Braga. A relatoria do processo ficou com o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que recomendou a cassação.

Nos bastidores, Glauber acusa o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de estar por trás da articulação que visa derrubá-lo. Ele aponta como motivo principal suas denúncias contra o orçamento secreto, que irritaram muitos parlamentares. Além disso, o PSol entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal questionando manobras da Câmara, o que resultou numa decisão do ministro Flávio Dino que manteve os recursos do orçamento bloqueados.

Caso a cassação seja confirmada, quem assume a vaga é a ex-senadora Heloísa Helena (Rede-AL), primeira suplente da coligação.

Compartilhe nas suas redes sociais
Categorias