Após vexame em 2024, Lula evita atos do 1º de Maio em São Paulo

Após vexame em 2024, Lula evita atos do 1º de Maio em São Paulo

Falta de união entre centrais sindicais e ausência da CUT pesaram na decisão; no ano passado, o presidente criticou a baixa presença do público e gerou desgaste interno

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu não participar das celebrações do Dia do Trabalhador em São Paulo neste 1º de maio. A escolha não foi por acaso: nos bastidores, aliados admitem que o fiasco do ano passado ainda ecoa, e a ausência da CUT entre os organizadores deste ano foi um fator determinante para que Lula ficasse de fora.

Em 2024, o evento promovido pelas centrais sindicais no estádio do Corinthians, em Itaquera, foi marcado pelo baixo comparecimento de público — uma cena que deixou o petista visivelmente desconfortável no palanque. De lá mesmo, Lula não poupou críticas à organização e deixou claro que não ficou satisfeito. Chegou até a apontar diretamente o secretário-geral da Presidência, Márcio Macêdo, como responsável pela convocação fraca do evento.

Este ano, o cenário se repete em desunião. As principais centrais, como a Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central e Pública, organizarão o ato no Campo de Bagatelle, zona norte da capital. Mas a CUT, historicamente ligada ao PT, ficou de fora. O motivo? Divergência sobre os rumos do evento, especialmente quanto ao uso de sorteios de brindes para atrair o público — estratégia considerada “pouco política” por integrantes da entidade.

Além disso, um grupo de sindicatos menores também articula uma comemoração paralela em São Bernardo do Campo, berço político de Lula. Mas com a agenda lotada, o presidente não teria como estar presente nos dois locais. A situação gerou um impasse, e Lula optou por se ausentar de ambos.

Nos dois primeiros anos de seu terceiro mandato, Lula marcou presença nas celebrações paulistanas do 1º de maio. Em 2022, ainda como pré-candidato à presidência, ele participou de um ato no Pacaembu. Já em 2024, o evento em Itaquera também serviu como palanque antecipado para Guilherme Boulos (PSOL), seu aliado e aposta para a prefeitura de São Paulo — o que rendeu ao presidente uma multa do TSE por propaganda eleitoral fora de hora.

A crítica pública feita por Lula a Macêdo virou munição interna entre os petistas. Em fevereiro, Macêdo chegou a ser cotado para deixar o governo, abrindo caminho para Gleisi Hoffmann, que acabou assumindo a Secretaria de Relações Institucionais. Já Alexandre Padilha, que ocupava o posto, foi deslocado para o Ministério da Saúde.

Enquanto isso, Lula cumpre agenda no exterior. Nesta sexta-feira (25/4), ele chegou a Roma, onde participa de uma cerimônia em homenagem ao Papa Francisco. Nos próximos dias, o presidente embarca para a China e a Rússia, entre 8 e 13 de maio. Abril também foi mês de maratona pelo Brasil: passou por estados como Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, numa tentativa de conter a queda de sua popularidade.

Com os sindicatos rachados, os palanques esvaziados e o desgaste político ainda latente, Lula prefere evitar o risco de mais um 1º de Maio com gosto amargo.

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