“Arte e Tragédia: A História de Rodolpho Tamanini Neto, o Artista que Anteviu a Chuva”

“Arte e Tragédia: A História de Rodolpho Tamanini Neto, o Artista que Anteviu a Chuva”

Um legado de cores e histórias marcado por uma despedida inesperada

Morte no Cenário que Ele Pintou
O artista plástico Rodolpho Tamanini Neto, de 73 anos, foi vítima de uma tragédia que parecia saída de suas próprias obras. Ele faleceu na última sexta-feira (24), quando uma forte enxurrada invadiu sua casa na Vila Madalena, em São Paulo. Ironicamente, Rodolpho havia pintado em 2008 o quadro “A Enchente”, inspirado nos problemas causados pelas chuvas na cidade.

Morador do sobrado desde a infância, o artista havia instalado um portão antienchente na tentativa de proteger o imóvel. Naquele dia fatídico, a força da correnteza derrubou a barreira de contenção e inundou o quintal, atingindo 2 metros de altura. Rodolpho desceu para verificar a situação e foi surpreendido pela enxurrada. Seu corpo foi encontrado no sábado (25), e a principal suspeita é de afogamento.

Uma Vida Dedicada à Arte e à Cidade
Rodolpho começou sua carreira aos 19 anos, expondo no Museu do Folclore. Autodidata, ele pintava com uma sensibilidade única cenas urbanas de São Paulo, paisagens litorâneas e momentos de convivência em comunidades. Suas obras ganharam reconhecimento nacional e internacional, com exposições na Alemanha, França, Inglaterra e Suíça.

Amigos, como Jacques Ardies, curador da galeria onde ele expunha, lamentaram a perda. “Era uma batalha de anos contra as enchentes. Ele sabia do risco, mas amava aquele lugar”, disse Jacques.

Tragédia em Meio à Chuva Recorde
Na sexta-feira, São Paulo registrou o terceiro maior volume de chuva da história: 125,4 mm, segundo o Inmet. As águas transformaram a Rua Belmiro Braga em um rio, arrastando carros, incluindo um que destruiu o portão de Rodolpho. A Defesa Civil relatou que outras duas pessoas morreram na Grande São Paulo devido às chuvas.

Um Legado de Beleza e Reflexão
A galeria de Jacques Ardies prestou homenagem ao artista:
“Rodolpho deixou um legado inesquecível, não apenas por sua obra, mas pela pessoa extraordinária que foi. Que sua memória permaneça viva em nossos corações.”

O velório de Rodolpho ocorre nesta segunda-feira (27), no Cemitério São Pedro, na Vila Alpina. Solteiro e sem filhos, ele será lembrado por parentes, amigos e admiradores.

Rodolpho Tamanini Neto partiu tragicamente, mas suas cores e histórias continuam a inspirar e a refletir a complexidade da vida urbana. Uma obra que dialoga com a beleza e a vulnerabilidade da cidade que tanto amava.

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