Assessor de Lula critica Israel por ‘abandonar processo de paz’
O assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, Celso Amorim, declarou que o ataque terrorista do Hamas contra Israel no sábado, 7 de outubro, o mais grave em meio século, é uma consequência do abandono das negociações de paz e da postura discriminatória adotada pelo governo israelense.
Apesar de condenar e lamentar o ataque do Hamas, Amorim ressaltou que ele não deve ser analisado de forma isolada. Segundo o ex-ministro das Relações Exteriores, trata-se de um desdobramento de anos de tratamento discriminatório e violência, não apenas na Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia. Como exemplo, ele mencionou o ataque ao campo de Jenin, em julho, que o governo israelense classificou como uma “cidade-refúgio para o terrorismo”.
Amorim enfatiza que embora não justifique o ataque, o aumento dos assentamentos israelenses tem dificultado o avanço no processo de paz. Ele aponta que os governos de Israel posteriores à conferência de Annapolis, em 2007, negligenciaram o processo de paz, realizaram vários ataques a Gaza e ampliaram os assentamentos, o que culminou na situação atual.
O ex-chanceler destaca que o atual conflito afasta cada vez mais a visão defendida pelo governo Lula, que busca a coexistência pacífica de dois Estados. Ele analisa que o ocorrido é uma grave demonstração das consequências da perda de esperança na busca pela paz.
Amorim salienta que a mera repressão aos terroristas não é a solução. Ele compreende a dor das famílias diante de um ataque como esse, mas ressalta que, para encontrar uma solução, é fundamental não considerar o evento como um fato isolado.