Ataque que deixou 45 mortos no campo de refugiados de Rafah foi um ‘erro trágico’, diz Netanyahu
Um dos locais atingidos fazia entrega de ajuda humanitária na região. Outro era de tendas de pessoas que haviam sido evacuadas após início da ofensiva israelense em Rafah. Israel diz que ataque matou dois líderes do Hamas na região.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, classificou o ataque a um campo de refugiados em Rafah, na Faixa de Gaza, como um “erro trágico”. O ataque, ocorrido na noite de domingo (26), deixou cerca de 45 mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Entre as vítimas, havia mulheres, crianças e idosos, muitos deles carbonizados.
Em um discurso ao Parlamento, Netanyahu declarou que “apesar dos nossos máximos esforços para não ferir civis inocentes, na noite passada, houve um erro trágico. Estamos investigando o incidente e vamos obter uma conclusão, pois essa é a nossa postura”.
A área atingida era um campo de refugiados para onde a população de Rafah havia se deslocado devido à ofensiva israelense na cidade, que forçou cerca de 1,5 milhão de palestinos a fugirem.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o ataque, afirmando que não há lugar seguro na Faixa de Gaza e que “esse horror precisa parar”. Martin Griffiths, chefe do Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU, criticou o ataque, dizendo que tamanha impunidade não pode continuar.
Israel inicialmente afirmou que o alvo do ataque era um complexo do Hamas em Rafah e que os locais atingidos eram legítimos sob as leis internacionais. Dois líderes do grupo foram mortos na operação. O governo israelense admitiu que um incêndio pode ter ocorrido no acampamento devido ao bombardeio e que uma investigação está em andamento.
Os Estados Unidos pediram novamente que Israel tome mais cuidado para proteger os civis, mas não solicitaram a interrupção da incursão em Rafah.
A organização Médicos Sem Fronteiras informou que ao menos 15 mortos foram levados para um ponto de apoio da organização e pediu por um cessar-fogo imediato em Gaza.
Na sexta-feira (24), a Corte Internacional de Justiça ordenou que Israel interrompesse todas as operações militares em Rafah e permitisse a entrada de ajuda humanitária. Israel, no entanto, rejeitou a ordem, alegando que as alegações eram falsas e ultrajantes e que a campanha militar não visava destruir a população civil palestina em Rafah.
O Hamas, em comunicado, acolheu a decisão do tribunal de enviar representantes à Faixa de Gaza e prometeu cooperar.
Com a ordem, caminhões com ajuda humanitária vindos do Egito começaram a entrar na Faixa de Gaza através da passagem de Kerem Shalom, controlada por Israel. O Egito se recusa a coordenar a entrega de ajuda humanitária por Rafah enquanto o lado palestino for controlado pelas tropas israelenses.
No domingo, o Hamas lançou foguetes contra Tel Aviv, em Israel, pela primeira vez em quatro meses, provocando a ativação das sirenes de alerta. As forças militares israelenses afirmam que pelo menos oito foguetes foram disparados do sul de Gaza, na região de Rafah, e que vários foram interceptados.
Israel continua a ignorar a ordem do tribunal da ONU e mantém as operações militares em Rafah.