Barroso diz que decisões do STF dificultaram combate à corrupção no Brasil
O presidente do Tribunal relata que foi voto vencido em casos polêmicos como na Lava Jato, porém isso não o “impele a tratar com desrespeito pessoas que pensam de maneira diferente”
O presidente do STF relata que, apesar de ter sido voto vencido em casos polêmicos como os da Lava Jato, isso não o leva a desrespeitar aqueles com opiniões diferentes Jean Araújo 30 jul 2024
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou na terça-feira, 30, que algumas decisões controversas da Corte dificultaram o combate à corrupção no Brasil. A declaração foi feita durante uma palestra na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro (RJ), onde Barroso discutiu o tema “Justiça”.
Barroso mencionou casos em que o STF anulou processos, como o de um dirigente de empresa estatal acusado de desvio de milhões, devido à apresentação simultânea das alegações finais por réus colaboradores e não colaboradores. Ele argumentou que essas decisões, que às vezes resultam na prescrição de processos, prejudicam a prestação de contas à sociedade.
Embora tenha sido voto vencido em alguns desses casos, Barroso afirmou que isso não o leva a desrespeitar aqueles que pensam de forma diferente. Ele foi um dos principais defensores da Operação Lava Jato no STF.
Barroso também destacou decisões com as quais concorda, como a equiparação do crime de homofobia ao de racismo, o reconhecimento da união homoafetiva, a permissão para o aborto em casos de anencefalia e a liberação de pesquisas com células-tronco embrionárias.
“A relevância de um tribunal não pode ser medida por pesquisas de opinião pública, pois sempre haverá interesses conflitantes e insatisfações na sociedade”, afirmou o ministro.