Bebês Reborn no Alvo do Congresso: Brinquedo, Terapia ou Abuso dos Serviços Públicos?

Bebês Reborn no Alvo do Congresso: Brinquedo, Terapia ou Abuso dos Serviços Públicos?

Projetos de lei propõem desde proibição em hospitais até atendimento psicológico no SUS e multas para quem tenta burlar regras com as bonecas hiper-realistas.

Bonecas que mais parecem recém-nascidos de verdade e movimentam um mercado milionário agora estão no centro de um debate legislativo no Congresso Nacional. Nesta quinta-feira (15), três projetos de lei foram apresentados na Câmara dos Deputados com o objetivo de regulamentar o uso das chamadas bebês reborn, que têm ganhado cada vez mais espaço nas redes sociais — e nas ruas.

Os projetos tratam de temas como o uso indevido das bonecas para obter atendimento preferencial em serviços públicos, a simulação de partos e atendimentos médicos, e ainda propõem apoio psicológico a pessoas com fortes vínculos afetivos com esses objetos.

Atendimento médico simulado? Não mais

Um dos projetos, de autoria do deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), proíbe expressamente qualquer simulação de atendimento médico com essas bonecas em hospitais públicos ou privados. O texto prevê sanções administrativas a profissionais que desrespeitarem as regras, incluindo advertência, suspensão e até demissão em caso de reincidência. Já instituições que permitirem esse tipo de prática podem receber multa de até R$ 50 mil.

“É um desvio grave usar a estrutura de saúde para atender objetos, enquanto pacientes reais aguardam por socorro”, diz o parlamentar no projeto.

A preocupação surgiu após a repercussão de lojas que simulam maternidades para entregar as bonecas a seus donos, com direito a “certidão de nascimento” e até “parto empelicado”.

Quando o laço com a boneca revela algo mais profundo

Outra proposta, apresentada pela deputada Rosângela Moro (União-SP), trata da saúde mental das pessoas que criam vínculos intensos com as reborns. O projeto propõe que o SUS ofereça atendimento psicossocial a quem manifesta esse tipo de apego, não com tom punitivo, mas com acolhimento e cuidado.

A deputada afirma que a medida é um passo ético para garantir dignidade e atenção qualificada às manifestações emocionais atípicas: “Não se trata de ridicularizar, mas de enxergar sinais de sofrimento que podem estar passando despercebidos.”

Fura-fila com boneca no colo? Vai doer no bolso

O terceiro projeto, assinado pelo deputado Zacharias Calil (União-GO), quer impedir que as reborns sejam usadas como desculpa para furar fila em hospitais, pagar meia em eventos ou ocupar assentos preferenciais em transportes públicos. A proposta prevê multa pesada para quem tentar o golpe: de R$ 7.590 a R$ 30.360, com possibilidade de dobrar no caso de reincidência.

Mesmo que o benefício não seja efetivamente concedido, a tentativa já será passível de punição.

“É um desrespeito à boa-fé da sociedade e aos serviços públicos. Estamos falando de um comportamento que atrasa atendimentos e prejudica quem realmente precisa”, argumenta o deputado.

Enquanto o universo dos reborns se expande entre colecionadores, entusiastas e quem vê nas bonecas um refúgio emocional, o Congresso tenta equilibrar liberdade individual, saúde mental e o uso responsável dos serviços públicos. Brinquedo, terapia ou abuso? A resposta, agora, pode estar nas mãos dos parlamentares.

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