Blindagem Suprema: Gilmar Mendes Enterra Investigação contra Aécio Neves

Blindagem Suprema: Gilmar Mendes Enterra Investigação contra Aécio Neves

Após cinco anos de apuração, ministro aponta irregularidades e encerra caso sobre doações ocultas na campanha de 2014. Decisão gera indignação e reacende críticas ao sistema judicial.

Mais uma vez, o palco da Justiça brasileira é tomado por uma decisão que soa como um golpe contra a credibilidade institucional. Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, determinou o encerramento de uma investigação que há cinco anos buscava desvendar um possível esquema de recursos não declarados na campanha de 2014 do deputado Aécio Neves (PSDB-MG).

A apuração girava em torno de R$ 2,5 milhões em despesas de campanha que, segundo a denúncia, nunca apareceram nos registros oficiais. O estopim para o caso foi a delação de Elon Gomes de Almeida, que revelou supostas doações ocultas envolvendo o então candidato. No entanto, o que poderia ser uma oportunidade de fortalecer a transparência eleitoral terminou enterrado sob a justificativa de “excesso de prazo” e “irregularidades processuais”.

Gilmar Mendes, sempre uma figura controversa, argumentou que houve violações na obtenção de informações financeiras e fiscais por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR). Para ele, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) não deveria ter fornecido relatórios à PGR sem a devida autorização judicial. Essa suposta “ilegalidade” acabou por justificar a extinção da investigação.

Além disso, o ministro destacou que os fatos apurados datam de mais de uma década atrás e que, mesmo após anos de inquérito, a Polícia Federal não conseguiu apresentar provas suficientes para formalizar uma denúncia. Mendes questionou como um caso dessa magnitude ficou parado por tanto tempo sem avanço.

A decisão do ministro provocou críticas ferozes, principalmente pela sensação de que figuras políticas de alto escalão parecem escapar, repetidamente, de um sistema judicial que raramente demonstra a mesma celeridade e rigor quando se trata de cidadãos comuns.

Enquanto a defesa de Aécio Neves celebrou o encerramento como esperado, alegando que nunca houve irregularidades na prestação de contas da campanha, para muitos, o caso soa como mais um capítulo de blindagem às elites políticas do país.

Num Brasil onde o povo vê escândalos de corrupção sendo engavetados com a mesma facilidade com que se perde uma chave na gaveta, decisões como essa são um lembrete amargo de que a Justiça nem sempre é para todos.

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