
Bolsonaro comenta delações de Mauro Cid: ‘Nem tudo é mentira’
Ex-presidente admite que algumas declarações de seu ex-ajudante de ordens são verdadeiras
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu nesta sexta-feira (14) que parte das declarações feitas pelo tenente-coronel Mauro Cid em sua delação premiada ao Supremo Tribunal Federal (STF) são verídicas. Durante sua participação no podcast Flow, Bolsonaro afirmou:
“Ele fala muita coisa. Algumas coisas são verdade, mas outras eu fico pensando: ‘Como o cara teve conhecimento disso, se nem eu estava sabendo?'”, disse o ex-mandatário, aproveitando também para atacar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo Bolsonaro, o tribunal teria interferido nas eleições presidenciais de 2022 para favorecer a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ex-presidente alegou que nenhum candidato da esquerda conseguiria derrotá-lo, citando nomes como Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT). Para ele, o TSE teria reabilitado Lula politicamente ao anular suas condenações, permitindo que ele voltasse a ser elegível, e que o tribunal teria atuado de forma “pesada” para favorecer o petista.
Mauro Cid e as investigações contra Bolsonaro
Mauro Cid é peça-chave em três investigações que levaram ao indiciamento de Bolsonaro pela Polícia Federal. Entre os casos investigados estão a tentativa de golpe de Estado, fraudes em cartões de vacina e a venda ilegal de joias. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já denunciou tanto o militar quanto o ex-presidente no inquérito que apura um suposto plano para impedir a posse de Lula. Outras denúncias podem surgir conforme as investigações avançam.
Entre as revelações feitas por Cid à Justiça, destaca-se a alegação de que Bolsonaro teria redigido um decreto para instaurar um “estado de defesa”, uma medida que impediria a posse do presidente eleito. O ex-presidente, por sua vez, minimizou a relação com o tenente-coronel, alegando que ele foi indicado por terceiros e que apenas aceitou a recomendação. No entanto, Bolsonaro tem laços antigos com a família de Cid, já que foi colega de Lorena Cid, pai do militar, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).
A PGR denunciou Bolsonaro, Mauro Cid e outras 32 pessoas no inquérito sobre o plano golpista. De acordo com os investigadores, uma das ramificações dessa trama incluía um suposto plano para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes. O Supremo Tribunal Federal segue analisando o caso.