
Bolsonaro compara presos do 8 de Janeiro a militantes da ditadura: “Dois pesos, duas medidas”
Ex-presidente critica condenações dos atos golpistas e questiona por que antigos militantes armados foram anistiados e até indenizados, enquanto manifestantes de 2023 pegam até 17 anos de prisão.
Em nova manifestação pública, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar o tratamento dado aos presos pelos atos do dia 8 de janeiro de 2023, comparando-os a antigos militantes de esquerda que foram anistiados após o regime militar. Para Bolsonaro, há um “contraste gritante” entre os dois contextos históricos, e o atual cenário expõe o que considera um desequilíbrio na forma de aplicar justiça no Brasil.
Nas redes sociais, Bolsonaro apontou que muitos dos que estiveram em Brasília naquele 8 de janeiro eram “pessoas comuns, sem antecedentes criminais, como idosos, mães de família e trabalhadores, que não pegaram em armas”. Ele afirmou que alguns foram condenados mesmo sem provas de envolvimento direto nos atos de vandalismo.
“Não estamos pedindo para ninguém escapar da responsabilização. Mas como entender que pessoas que participaram de sequestros na década de 70 recebam pensões vitalícias do Estado, enquanto um pai de família que foi a um protesto é sentenciado a 17 anos de prisão?”, questionou.
A fala de Bolsonaro ocorre em meio à mobilização pró-anistia para os condenados do 8 de Janeiro, tema que ele vem encampando junto à sua base política. Na última semana, participou de um ato em Brasília, acompanhado por deputados do PL e apoiadores, em defesa do projeto que tramita na Câmara dos Deputados e que visa conceder perdão aos envolvidos na invasão dos prédios dos Três Poderes.
Durante o evento, batizado de “Caminhada Pacífica pela Anistia Humanitária”, Bolsonaro agradeceu as orações dos simpatizantes e defendeu que o perdão aos presos políticos deve ser responsabilidade exclusiva do Legislativo. “Ninguém tem que se meter em nada”, afirmou, em indireta ao Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou os principais envolvidos.
A proposta de anistia já conta com apoio formal de parlamentares da oposição e, caso consiga aprovação de urgência, poderá ser votada diretamente no plenário da Câmara — o que aceleraria o processo.