Bolsonaro diz ter sido “perseguido” por imprensa e STF durante governo e nega irregularidades

Bolsonaro diz ter sido “perseguido” por imprensa e STF durante governo e nega irregularidades

Em depoimento ao STF, ex-presidente afirma que acusações contra ele são infundadas e classifica como “retórica” suas críticas ao sistema eleitoral

Durante seu depoimento nesta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que enfrentou uma verdadeira “perseguição” da imprensa e de ministros da Corte durante seu mandato à frente do país. Ouvido no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, Bolsonaro buscou defender seu legado político e contestar as acusações que pesam contra ele.

No início da fala, o ex-presidente relembrou sua trajetória, destacando ações do seu governo no combate à corrupção e na recuperação financeira das estatais. Também enfatizou sua histórica defesa do voto impresso, afirmando que essas posições lhe renderam antipatia de setores da mídia e da política.

Bolsonaro ressaltou que nunca descumpriu decisões judiciais, embora tenha reconhecido que, em alguns momentos, tenha se exaltado. “Nunca descumpri ordem judicial. Me indignei, falei o que não devia, sei disso”, minimizou.

Questionado pelo ministro Alexandre de Moraes sobre a campanha para deslegitimar as urnas eletrônicas e sobre uma reunião ministerial de julho de 2022 que tratou do tema, Bolsonaro explicou que sempre defendeu o voto impresso desde sua época como parlamentar e classificou seus questionamentos ao sistema eleitoral como “retórica”.

O ex-presidente é o quarto réu a depor no segundo dia dos interrogatórios da chamada “núcleo 1” — grupo central da suposta articulação golpista contra Lula. Antes dele, falaram o general Augusto Heleno, o almirante Almir Garnier e Anderson Torres.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), aceita pelo STF em março, acusa Bolsonaro de liderar uma organização criminosa que teria arquitetado um plano para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. Segundo a PGR, o ex-presidente teria usado notícias falsas para desacreditar o sistema eleitoral e incitado membros do governo e das Forças Armadas a questionarem as urnas.

Além disso, o relator Alexandre de Moraes destacou que Bolsonaro proibiu o então ministro da Defesa de divulgar o relatório das Forças Armadas, que não encontrou fraude nas eleições. A PGR também apontou que Bolsonaro tinha conhecimento do suposto plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa ações violentas contra autoridades, e participou das discussões sobre a minuta do golpe.

As acusações contra Bolsonaro envolvem crimes como tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio público, com penas que podem somar até 43 anos.

Em sua defesa, o advogado Celso Vilardi alegou que os crimes imputados são “impossíveis”, pois o governo na época era legitimamente comandado pelo próprio Bolsonaro. O ex-presidente, ao tornar-se réu, afirmou que as investigações têm objetivo político para impedi-lo de concorrer novamente e classificou o processo como um “teatro”.

Durante o depoimento, Bolsonaro questionou repetidamente se seria realmente golpista e afirmou que existe um “algo pessoal” contra ele, negando todas as acusações e qualificando-as como infundadas.

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