
Bolsonaro nega plano de assassinato e chama denúncia de “brincadeira” em entrevista dada do hospital
Em meio a acusações da PGR e relatório da PF, ex-presidente diz que desconhecia conspiração e se diz vítima de perseguição política
Mesmo internado desde o dia 13 de abril para tratar complicações intestinais, Jair Bolsonaro encontrou espaço para se defender das acusações mais graves que já enfrentou: o envolvimento em um suposto plano para matar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Durante entrevista concedida diretamente da UTI de um hospital em Brasília ao SBT, nesta segunda-feira (21), o ex-presidente negou com veemência qualquer participação ou conhecimento da trama, que a Polícia Federal batizou de “Punhal Verde e Amarelo”.
“Soube disso pela imprensa, após o vazamento do relatório da PF”, declarou Bolsonaro, tentando se desvincular completamente da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República. Para ele, a acusação não passa de uma manobra política, sem sustentação técnica.
A conspiração, segundo a Polícia Federal, foi descoberta durante a Operação Contragolpe, em novembro passado, e incluía até documentos que detalhavam o assassinato de autoridades. Um desses papéis foi encontrado com o general da reserva Mário Fernandes, que ocupava cargo de confiança no governo Bolsonaro.
Além de negar o plano de homicídio, o ex-presidente também rejeitou qualquer envolvimento com a chamada “minuta do golpe” — um texto que previa um estado de exceção para anular o resultado das eleições de 2022. Para Bolsonaro, tudo não passa de “repetição de acusações” e exageros sem provas. “Dizem que cometi dano ao patrimônio da União. Como, se eu nem estava no Brasil?”, questionou, ironizando também a narrativa de golpe: “Golpe de Estado sem armas, sem tropa, sem liderança, e ainda por cima, num domingo? Isso é piada”.
Questionado sobre o risco de ser preso, Bolsonaro minimizou: “Zero preocupação”. Ele também comentou que tentará manter seu nome na disputa das eleições municipais do próximo ano até o último instante, embora esteja atualmente inelegível por decisão do TSE. Ainda assim, demonstrou otimismo: “O perfil do tribunal pode mudar”.
A entrevista, concedida de dentro da UTI, mostra um Bolsonaro ainda combativo, tentando se descolar de denúncias que envolvem crimes gravíssimos, enquanto aposta no discurso de vítima política para manter viva sua base de apoio.