
Bolsonaro pai prestará depoimento no STF em inquérito contra seu filho Eduardo
Eduardo Bolsonaro é investigado por tentar envolver governo dos EUA para pressionar ministros do Supremo
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai depor na investigação do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura ações do seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O depoimento está marcado para a próxima quinta-feira, dia 5, e será colhido pela Polícia Federal.
Eduardo entrou no radar do STF na última segunda-feira, após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar que ele, que atualmente está nos Estados Unidos, tem tentado obter do governo americano sanções contra ministros do STF, integrantes do Ministério Público e da Polícia Federal. Segundo a PGR, a estratégia teria o objetivo de atrapalhar o andamento do processo que investiga Jair Bolsonaro, acusado no Supremo por tentativa de golpe contra a democracia.
O ministro Alexandre de Moraes, que vai relatar o caso, aceitou o pedido de abertura do inquérito. Eduardo Bolsonaro agora é investigado por possíveis crimes como coação no curso do processo, obstrução de investigação contra organização criminosa e atentado contra o estado democrático de direito.
Recentemente, os EUA anunciaram restrições de vistos para autoridades estrangeiras consideradas cúmplices em atos de censura contra americanos. Embora não tenham citado diretamente o ministro Moraes, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, indicou que a América Latina está no foco dessas medidas, e espera-se que Moraes esteja entre os afetados.
O uso da chamada Lei Magnitsky para sancionar um ministro de Supremo no mundo seria algo inédito — até agora, a norma foi aplicada apenas a graves violadores de direitos humanos, como integrantes de regimes autoritários e criminosos internacionais.
Em entrevista recente, Eduardo Bolsonaro voltou a criticar duramente o ministro Alexandre de Moraes, chamando-o de “tirano” e dizendo acreditar que Moraes será derrotado, porque “não tem a verdade ao seu lado”. Ele também revelou interesse em disputar a Presidência da República, caso receba essa “missão” de seu pai.
Em março, Eduardo pediu licença da Câmara para morar nos Estados Unidos, onde afirmou que vai trabalhar para buscar sanções contra quem ele considera violadores dos direitos humanos no Brasil. “Vamos usar todas as ferramentas possíveis para pressionar o governo americano a sancionar o Moraes e seus aliados financeiros”, declarou.