
Bolsonaro quer prazo curto para investigações e aciona aliados no Congresso
Com vários inquéritos nas costas, ex-presidente sugere que apurações tenham prazo máximo de 6 meses: “Fica a dica”, escreveu a deputados e senadores
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a movimentar os bastidores do Congresso Nacional. Desta vez, ele pediu diretamente a seus aliados no Parlamento que proponham um projeto de lei para limitar o tempo de duração dos inquéritos — sugerindo que qualquer investigação não possa passar de seis meses.
A proposta informal foi enviada em forma de mensagem a deputados e senadores. “Srs. deputados/senadores: sugestão…”, escreveu Bolsonaro, como quem dá uma dica entre amigos. Mas o recado, embora sutil, tem endereço certo: o próprio Supremo Tribunal Federal (STF), que já instaurou diversas ações contra ele — a mais recente, em abril, quando a Corte abriu processo contra o ex-presidente e outros sete nomes acusados de envolvimento em tentativa de golpe.
A crítica à “eternização” dos inquéritos não é nova. Bolsonaro e seus apoiadores vêm reclamando, há anos, da duração prolongada das investigações que atingem o ex-chefe do Executivo. A ideia de estabelecer um “prazo de validade” para esses processos, portanto, soa como mais uma tentativa de esvaziar ou enfraquecer as apurações em curso.
Timing estratégico
O movimento de Bolsonaro acontece em meio ao avanço de investigações delicadas. Além da ação penal ligada ao 8 de janeiro, ele também é investigado por supostos esquemas de espionagem ilegal, desvio de joias sauditas e fraudes em cartões de vacinação.
Ao propor um teto para a duração de inquéritos, o ex-presidente busca pressionar o Judiciário e reativar sua base no Legislativo — especialmente em um momento em que tenta manter influência política mesmo inelegível.
A sugestão, embora ainda sem forma concreta, pode ganhar corpo entre parlamentares alinhados ao bolsonarismo. Não seria a primeira vez que projetos com teor semelhante são colocados em pauta como reação ao avanço de investigações.