
Bolsonaro volta às ruas e aposta na pressão popular para soltar presos do 8 de Janeiro
Na véspera de manifestação na Av. Paulista, ex-presidente diz que só a mobilização de milhões pode frear o que chama de “autoritarismo”.
Faltando um dia para o ato marcado em São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reforçou a convocação aos seus apoiadores para ocuparem a Avenida Paulista neste domingo (6), em defesa do perdão aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023. Em tom inflamado, Bolsonaro voltou a dizer que a pressão popular é capaz de mudar decisões e conter o que ele classifica como abusos de autoridade.
— Quando o povo compartilha, denuncia e vai às ruas ao lado de milhões contra as injustiças, o autoritarismo recua — declarou o ex-presidente neste sábado (5), em suas redes sociais.
O protesto promovido por Bolsonaro é mais uma tentativa de reverter a imagem de derrota após as prisões e condenações dos envolvidos nos ataques golpistas que depredaram as sedes dos Três Poderes. Ele tem usado os eventos para fortalecer seu discurso de que há perseguição contra seus apoiadores e tenta transformar os manifestantes do 8 de Janeiro em “presos políticos”.
Em fevereiro, o ex-presidente já havia promovido um ato na mesma avenida, onde discursou em cima de um trio elétrico, ladeado por aliados e ex-ministros. Agora, a pauta principal é a anistia dos presos, mas também deve servir como termômetro para medir o fôlego de Bolsonaro em meio às investigações que o cercam e ao avanço do cerco jurídico sobre ele e sua família.
Na última semana, o próprio Bolsonaro teve que prestar depoimento à Polícia Federal e segue proibido de deixar o país por ordem do Supremo Tribunal Federal.
Mesmo sob pressão judicial, o ex-presidente tenta manter viva sua base política, apostando que, ao mostrar força nas ruas, pode ganhar fôlego no embate contra as instituições — uma estratégia antiga que ele repete com frequência desde os tempos de presidente.
A manifestação deste domingo deve contar com faixas, camisetas e gritos por “liberdade”, além de críticas ao STF e pedidos de anistia para os envolvidos no 8 de Janeiro. A expectativa de Bolsonaro e aliados é repetir as imagens de grandes multidões para reforçar a narrativa de que ainda tem forte apoio popular.