
Brasil e Angola afinam parcerias e fortalecem laços
Lula elogia Angola como “bom pagador” e reforça desejo de retomar negócios e projetos conjuntos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta sexta-feira (23) no Palácio do Planalto o presidente de Angola, João Lourenço, em um encontro marcado por sorrisos, acenos e muitos acordos na mesa. Na pauta, temas como comércio, segurança, meio ambiente e, claro, a vontade mútua de estreitar ainda mais os laços históricos entre os dois países.
Durante a declaração à imprensa, Lula não poupou elogios ao parceiro africano. Fez questão de lembrar que Angola quitou sua dívida com o Brasil cinco anos antes do prazo, uma prova, segundo ele, de que o país é mais que confiável.
— “Ninguém precisa ter receio de fazer negócios com Angola. Eles são sérios, cumpridores e responsáveis” — afirmou o presidente, destacando que o pagamento antecipado foi feito em 2019, encerrando uma dívida de 589 milhões de dólares que só venceria em 2024.
O presidente brasileiro também lamentou que o comércio entre os dois países tenha encolhido nos últimos anos. O que antes movimentava US$ 4,5 bilhões hoje gira em torno de US$ 1,5 bilhão. “Vamos trabalhar para recuperar e até superar esses números”, garantiu Lula.
Petrobras, aviões e combate ao crime
Entre os acordos, Lula revelou que quer a Petrobras de volta às operações de exploração de petróleo e gás em Angola. E não ficou só nisso. Na área da defesa, a Embraer está pronta para negociar caças Super-Tucano e até cargueiros militares KC-390, com apoio do BNDES no financiamento.
O combate ao crime organizado também entrou na lista de prioridades, com um acordo de cooperação firmado entre a Polícia Federal brasileira e a Polícia Nacional de Angola.
De olho no clima e na COP 30
O presidente brasileiro aproveitou o encontro para destacar a importância da presença de Angola na COP 30, que será realizada em Belém, no Pará. Segundo Lula, é inadmissível que países africanos — que quase não contribuem para o aquecimento global — sejam justamente os que mais sofrem seus efeitos.
— “Não existe transição energética justa se os países do Sul Global forem ignorados”, frisou, cobrando dos países ricos mais responsabilidade no financiamento da luta contra a crise climática.
Mais portas abertas para os angolanos e brasileiros
Como sinal de fortalecimento dessa ponte Brasil-Angola, Lula anunciou a abertura do consulado-geral em Luanda, medida que deve beneficiar os cerca de 30 mil brasileiros que vivem no país. Além disso, o prazo dos vistos para angolanos foi ampliado de dois para cinco anos.
Por fim, Lula formalizou o convite para que João Lourenço participe da próxima Cúpula do Brics, que acontece no Rio de Janeiro, nos dias 6 e 7 de julho.
— “A história nos uniu, e agora é hora de construir juntos o futuro”, concluiu Lula.