Brasil Retoma Cobrança de Vistos para Americanos em Meio a Tensão Política com os EUA

Brasil Retoma Cobrança de Vistos para Americanos em Meio a Tensão Política com os EUA

Decisão de Lula, em resposta ao tarifaço de Trump, gera críticas do setor turístico e acirra divergências com a administração americana.

A partir desta quinta-feira, 10 de abril, os cidadãos americanos voltam a ser obrigados a solicitar visto para viajar ao Brasil, uma medida que foi anunciada desde 2023, mas que estava sendo constantemente adiada pelo governo. A decisão de retomar a exigência, apesar das tentativas no Congresso para barrá-la, é vista pela administração de Luiz Inácio Lula da Silva como uma resposta ao “tarifaço recíproco” imposto por Donald Trump, e reflete o distanciamento crescente entre o Brasil e os Estados Unidos.

Apesar de pressões internas, especialmente do setor turístico, que vê a medida como um obstáculo à atração de visitantes e ao emprego no setor, o governo Lula decidiu que não há espaço, nem justificativa legal, para isentar os americanos. A cobrança de vistos recíprocos foi um compromisso assumido por Lula ainda durante a transição de governo, no fim de 2022, como forma de contestar a falta de benefícios concretos gerados pela política de isenção de vistos implementada por Jair Bolsonaro em 2019. Naquele momento, o ex-presidente Bolsonaro havia adotado uma política unilateral de isenção para os Estados Unidos, Austrália, Canadá e Japão.

Em 2023, Lula assinou um decreto restaurando a cobrança, que estava prevista desde o ano anterior, mas foi adiada várias vezes devido a pressões, principalmente do setor turístico. No entanto, diante das políticas de Trump, como as tarifas sobre o Brasil e as deportações em massa, o governo brasileiro considerou que a situação exigia uma resposta firme, o que levou à decisão de finalmente retomar a exigência.

Enquanto isso, outros países, como o Japão, chegaram a um acordo de isenção mútua com o Brasil. No caso dos EUA, Canadá e Austrália, a exigência do visto será válida a partir de hoje, com um custo de cerca de US$ 80 para turistas que pretendem ficar até 90 dias no país. O governo argumenta que o valor é relativamente baixo, mas as críticas do setor turístico continuam, já que o aumento de custos pode afetar a decisão de muitos viajantes, prejudicando o turismo e a geração de empregos na área.

De acordo com dados da Embratur, os turistas americanos ocuparam a segunda posição no ranking de visitantes ao Brasil, com 728 mil americanos recebendo o visto de entrada no país em 2024. No entanto, o aumento no número de turistas dos Estados Unidos, de apenas 23% entre 2019 e 2024, foi considerado abaixo do esperado.

A decisão de retomar a cobrança de vistos também é vista por alguns como uma medida simbólica de resistência à política de Trump, especialmente após a imposição de tarifas e as tensões diplomáticas entre os dois países.

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