
Brasileiro ativista por Gaza já discursou no Irã e esteve em funeral de líder do Hezbollah
Thiago Ávila, detido por Israel ao levar ajuda humanitária para Gaza, tem histórico de atuação pró-Palestina e participou de eventos com apoio de Teerã
O ativista brasileiro Thiago Ávila, um dos tripulantes do barco Madleen, interceptado por autoridades israelenses ao tentar levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, acumula uma trajetória marcada pelo engajamento na defesa da causa palestina. Ele viajava ao lado de nomes como a sueca Greta Thunberg e outros ativistas de diversos países, em uma ação que pretendia romper simbolicamente o bloqueio imposto por Israel ao território.
Ávila já esteve no Irã, onde foi convidado para participar da conferência “Os Oprimidos, mas Resilientes”, promovida em Teerã com apoio da embaixada iraniana no Brasil. O evento contou com a presença de figuras de alto escalão, como o presidente do Parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, e o então chanceler Baqeri Kani. Em reconhecimento à sua atuação, ele foi homenageado pela missão diplomática iraniana.
Em 2024, o ativista também esteve no Líbano, cobrindo o funeral do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, morto em um ataque israelense. Em suas redes sociais, Thiago afirmou ter viajado ao país para “documentar as violações cometidas por Israel”. Durante sua participação, destacou a figura de Nasrallah como símbolo da resistência anti-imperialista.
Nascido em Brasília, Thiago de Ávila e Silva Oliveira tem 38 anos e foi candidato a deputado federal pelo PSOL em 2022. Com mais de 350 mil seguidores no Instagram, utiliza a plataforma para divulgar vídeos explicativos, denúncias e relatos de missões humanitárias.
O barco Madleen, que saiu da cidade italiana de Catânia, transportava fraldas, alimentos, medicamentos, fórmulas infantis, kits de dessalinização e próteses para crianças feridas. O nome da embarcação homenageia Madleen, a única mulher pescadora da região de Gaza em 2014 — símbolo da resistência palestina.
Além de Thiago, a embarcação levava a deputada europeia Rima Hassan, representantes da Alemanha, Turquia, Espanha e Holanda. A Flotilha da Liberdade, responsável pela missão, enfatizou que a ação era pacífica, com voluntários treinados em práticas de não violência e sem armamento.
Segundo os organizadores, os tripulantes foram “sequestrados por forças israelenses” e levados ao porto de Ashdod. Os advogados dos ativistas afirmam que o grupo deve ser ouvido por um juiz e, provavelmente, deportado em até 48 horas, com proibição de entrada em Israel e nos territórios ocupados por ao menos 10 anos.
Em vídeo divulgado antes da interceptação, Rima Hassan resumiu o espírito da missão:
— Estar em silêncio diante do massacre em Gaza é ser cúmplice. Este barco não leva apenas ajuda, leva um pedido urgente: fim do bloqueio. Fim do genocídio.
Até o momento, Thiago Ávila não respondeu aos pedidos de contato da imprensa. O espaço segue aberto para manifestações.