Bukele busca se firmar como aliado de Trump em visita à Casa Branca
Apesar da colaboração com deportações, El Salvador segue impactado por tarifa imposta pelos EUA e teme prejuízos nas exportações
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, embarcou rumo aos Estados Unidos para um encontro estratégico com Donald Trump, marcado para esta segunda-feira (14) na Casa Branca. A visita tem como pano de fundo o fortalecimento da relação entre os dois líderes, após Bukele aceitar as exigências do republicano sobre a recepção de migrantes deportados — medida que vem gerando críticas internacionais.
Bukele tem se destacado como um dos principais parceiros de Trump na América Central. No mês passado, El Salvador aceitou dezenas de migrantes expulsos pelos EUA, a maioria deles venezuelanos, e os manteve presos em um presídio de segurança máxima. A ação foi condenada por organizações de direitos humanos, que denunciam a ocorrência de detenções arbitrárias e desaparecimentos forçados.
Ainda assim, essa aproximação política não poupou o país da nova tarifa de 10% imposta por Trump sobre as importações. A medida acendeu um alerta em setores econômicos salvadorenhos, já que os Estados Unidos são o principal destino das exportações do país.
Segundo o Banco Central de El Salvador, em 2024, o país exportou quase US$ 6,5 bilhões em produtos, dos quais US$ 2,13 bilhões foram enviados aos EUA — incluindo roupas, açúcar, café e componentes eletrônicos. Ao mesmo tempo, o país importou US$ 4,4 bilhões dos americanos, gerando um déficit comercial de US$ 2,28 bilhões. Os produtos que vieram dos EUA incluem combustíveis, medicamentos, veículos e minérios.
Para o economista César Villalona, a nova tarifa pode frear ainda mais a economia salvadorenha:
— O comércio precisa fluir, crescer, não ser travado por medidas que afetam diretamente a nossa balança — afirmou em entrevista à AFP.
Já Jorge Arriaza, presidente da Associação Industrial Salvadorenha, vê a viagem como uma chance de tentar reverter esse cenário:
— Esperamos que a visita de Bukele traga mais clareza sobre o futuro das tarifas e nos ajude a proteger nossas exportações — disse.
Enquanto Bukele busca estreitar laços com Trump, as consequências políticas e econômicas dessa parceria seguem dividindo opiniões dentro e fora de El Salvador.
