Caça às bruxas contra Bretas expõe a podridão do sistema que ele ousou enfrentar

Caça às bruxas contra Bretas expõe a podridão do sistema que ele ousou enfrentar

Magistrado que colocou políticos corruptos atrás das grades e recuperou bilhões para os cofres públicos agora é perseguido por quem deveria defender a justiça.

O Brasil assiste calado a mais um episódio vergonhoso de vingança institucional. O juiz Marcelo Bretas, responsável por levar figurões corruptos à prisão e recuperar bilhões desviados do povo, virou alvo de uma verdadeira perseguição. Após ser punido com aposentadoria compulsória — a única penalidade possível pela legislação atual — agora tentam arrancar até seus proventos. Um escárnio travestido de justiça.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que deveria proteger a integridade do Judiciário, pediu à Advocacia-Geral da União (AGU) que entre na Justiça para cancelar salário e benefícios de Bretas. A justificativa? Nenhuma que não seja puramente política. O processo corre em sigilo, como tudo que se quer esconder da opinião pública. Não há precedente legal para isso — mas quando se trata de punir quem mexeu nos vespeiros do poder, parece que vale tudo.

O mesmo país que trata com leniência juízes acusados de assédio ou corrupção, agora quer arruinar a vida de quem teve coragem de enfrentar a elite política podre. Em 2023, a então ministra Rosa Weber chegou a lamentar a manutenção dos benefícios em casos graves. Mas agora usam esse argumento para atacar Bretas, justamente quem não envergonhou a toga, mas honrou o que ela simboliza.

E a perseguição não para por aí. Até a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que deveria lutar pela justiça, se aliou ao movimento para tornar Bretas um pária. A seccional do Rio quer colocá-lo no Cadastro de Violadores de Prerrogativas da Advocacia — um gesto claro de retaliação. A mesma OAB que festejou sua punição no CNJ, como se condenar um juiz honesto fosse um avanço democrático.

Bretas não foi afastado por corrupção. Não foi julgado por enriquecimento ilícito. Não foi condenado por abuso de poder. Seu pecado? Ter ousado prender tubarões da política e cutucar interesses intocáveis. Condenado por “coaching” e “tutoria” — práticas discutíveis, sim, mas absolutamente desproporcionais frente aos serviços prestados à nação.

Vivemos tempos em que combater a corrupção virou crime, e defender criminosos virou ato de resistência. A tentativa de cassar os vencimentos de Bretas é um aviso: mexeu com o sistema, será destruído. O que está em jogo não é apenas o futuro de um juiz, mas o recado covarde a qualquer um que se atreva a desafiar o pacto da impunidade.

O que fazem com Marcelo Bretas é mais do que uma injustiça — é uma mancha na história recente do país. E, pior: é o triunfo da omissão, da covardia e do oportunismo travestido de legalidade.

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