
Câmara livra Ramagem de processo no STF e deixa denúncia de golpe em suspenso
Com apoio de partidos ligados ao governo, deputados aprovam por ampla maioria o freio no julgamento do único parlamentar réu por tentativa de golpe; veja como votou cada u
A Câmara dos Deputados decidiu, nesta quarta-feira (7), paralisar o processo no STF contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), investigado por participar da trama para manter Jair Bolsonaro no poder após as eleições. A votação terminou com 315 votos a favor da suspensão e 143 contrários, num placar que escancarou o peso da articulação política nos bastidores — inclusive de partidos com cargos no governo.
A proposta não precisa passar pelo Senado e entrou em vigor imediatamente após ser promulgada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que também costurou o acordo para que o tema fosse colocado em pauta com rapidez relâmpago.
O pedido já havia sido aprovado horas antes pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A pressa na votação teve um motivo prático: Motta viaja na próxima semana aos Estados Unidos para um evento com empresários, e a previsão é que as sessões da Câmara fiquem esvaziadas, ocorrendo de forma remota.
Ramagem é o único deputado formalmente denunciado no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado e a articulação dentro do núcleo duro do governo Bolsonaro. Segundo o Ministério Público, ele teria agido ativamente na montagem da estrutura que visava anular as eleições e manter o ex-presidente no cargo.
A manobra para barrar o andamento do processo provocou fortes reações, especialmente entre parlamentares que defendem o avanço das investigações. Críticos enxergam a medida como um sinal perigoso de impunidade e uma brecha para proteger outros envolvidos no esquema golpista.
A lista de como votaram os deputados deixou claro que a base governista não fechou questão contra a suspensão, e partidos com ministérios votaram em peso a favor de Ramagem. A decisão, embora já em vigor, ainda pode ser judicializada, e há expectativa de que o STF reaja, especialmente se houver provocação de partidos da base aliada ao Planalto.