Campos Neto cutuca o governo e diz que inflação nasce do descontrole nos cofres públicos

Campos Neto cutuca o governo e diz que inflação nasce do descontrole nos cofres públicos

Ex-presidente do Banco Central afirma que o vilão da alta de preços não é o empresário, mas sim o gasto exagerado do governo federal, que empurra o país para um ciclo de instabilidade.

Em uma fala que promete esquentar o cenário econômico e político, o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (8/04) que a inflação que pesa no bolso dos brasileiros tem uma causa bem definida: a gastança do governo federal. Para ele, não adianta culpar supermercado ou empresário — a conta, segundo Campos Neto, vem da má gestão fiscal.

“A inflação não é obra do comerciante que acordou mal-humorado e resolveu subir o preço. É consequência direta do governo gastar mais do que arrecada”, declarou durante um evento.

A declaração repercutiu entre economistas e reacendeu o velho debate sobre quem realmente está por trás da alta nos preços no país.

A raiz do problema: gastos acima do limite

Campos Neto apontou o desequilíbrio nas contas públicas como o combustível principal da inflação. Quando o governo insiste em gastar mais do que arrecada, precisa recorrer a empréstimos. Esse endividamento gera pressão no mercado financeiro, enfraquece o real e, como efeito dominó, encarece produtos e serviços do dia a dia.

Empresário não é vilão, diz Campos Neto

Para ele, o setor produtivo apenas reage a um ambiente econômico hostil. O aumento dos preços, na visão do ex-presidente do BC, é uma resposta a custos que sobem por fatores externos — como o dólar, os impostos e até mesmo crises internacionais. Apontar o dedo para os comerciantes seria ignorar o cenário maior.

Banco Central sozinho não segura a barra

O Banco Central tem o papel de conter a inflação, principalmente por meio da taxa de juros (Selic). Mas quando o governo mantém uma política fiscal frouxa — gastando mais do que pode — a missão do BC vira um jogo de empurra. Campos Neto já alertava: sem ajuda do governo, aumentar juros só castiga o consumo e trava o crescimento, sem resolver o problema de fundo.

Governo diz que investe; oposição fala em irresponsabilidade

De um lado, o governo defende seus gastos como forma de impulsionar a economia, combater desigualdades e investir em infraestrutura. Também aponta para fatores externos como culpados, como guerras, petróleo e clima.

Do outro, críticos da oposição e analistas econômicos responsabilizam o excesso de despesas e defendem reformas estruturais urgentes. A preocupação é que o descontrole fiscal afaste investimentos e coloque em xeque a estabilidade econômica.

Quem sente mais é o povo

A inflação não atinge todos da mesma forma. As famílias de baixa renda são as mais afetadas, pois comprometem grande parte do orçamento com itens básicos como comida, gás, transporte e energia. E quando esses preços sobem, sobra menos ainda no fim do mês.

Programas sociais como o Bolsa Família e salários congelados agravam ainda mais o impacto nas classes mais vulneráveis, que acabam tendo que escolher entre o essencial e o indispensável.

E o que fazer para frear esse ciclo?

Especialistas apontam que o caminho passa, obrigatoriamente, por responsabilidade fiscal. As principais soluções incluem:

  • Cortar gastos ineficientes;
  • Reformar o sistema tributário;
  • Estimular a produtividade;
  • Proteger a autonomia do Banco Central;
  • Adotar metas fiscais claras e viáveis.

Essas medidas criariam um ambiente mais estável, confiável e atrativo para investidores, além de reduzir a pressão sobre os preços.

Conclusão

Ao jogar luz sobre o papel do governo na geração da inflação, Campos Neto levanta um ponto sensível e muitas vezes negligenciado. Apontar empresários como culpados é mais fácil, mas não resolve o problema. Sem uma guinada na forma como o Estado lida com as próprias finanças, a inflação seguirá corroendo o poder de compra dos brasileiros — especialmente dos que já vivem no limite.

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