
Capitão da Rota é Promovido Apesar de Suspeitas de Ligação com PCC
Investigação aponta envolvimento de oficial em esquema de vazamento de informações para chefes da facção criminosa.
Suspeitas e Promoções no Alto Comando
Uma investigação da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo revelou indícios de que o capitão Raphael Alves Mendonça, ex-chefe da Agência de Inteligência da Rota, mantinha laços próximos com líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo o inquérito, Mendonça teria indicado policiais militares para participar de um esquema de vazamento de informações sigilosas que beneficiavam a facção criminosa.
Mendonça trabalhou na Rota entre 2016 e 2022, ocupando cargos estratégicos como comandante de pelotão, chefe da Agência de Inteligência e responsável pela Seção de Polícia Judiciária Militar e Disciplina (SPJMD). Durante esse período, ele foi promovido a capitão, mesmo sob suspeitas de envolvimento nos vazamentos de dados.
Relações Próximas e Esquema Estruturado
De acordo com o inquérito, o esquema começou a tomar forma em 2017, com policiais protegendo membros do PCC, incluindo Rafael Maeda Pires, o “Japa”. Ao longo dos anos, a atuação criminosa teria evoluído para vazamentos mais sofisticados, favorecendo líderes como Silvio Luiz Ferreira, o “Cebola”, e Marcos Roberto Almeida, conhecido como “Tuta”. Ambos ocupavam posições de destaque na facção fora do sistema prisional.
Além disso, Raphael Mendonça mantinha contato frequente com os policiais envolvidos no esquema, promovendo confraternizações em sua casa. Mesmo após ser transferido para outras funções, como o Comando de Policiamento de Choque e a Assessoria Policial Militar da Prefeitura de São Paulo, os indícios de sua ligação com o PCC persistem.
Cabo “Gato Grande” e o Papel Central no Esquema
Entre os envolvidos, o cabo Vagner de Deus Leão, apelidado de “Gato Grande”, figura como peça-chave do esquema. Amigo pessoal de Mendonça, ele era responsável por selecionar informações que poderiam beneficiar criminosos como Anselmo Santa Fausta (“Cara Preta”) e Cláudio Marcos de Almeida (“Django”). Leão chegou a ser proibido de frequentar a base da Rota após ser transferido para outra unidade.
Com os lucros do esquema, Leão teria aberto dois estabelecimentos na Zona Leste de São Paulo chamados “Rota’s Bar”, frequentados por outros PMs investigados.
Mensalidades e Fugas Milionárias
Os traficantes do PCC pagavam uma mensalidade de R$ 600 mil para policiais da Rota em troca de informações privilegiadas sobre operações. Em casos específicos, como na Operação Sharks em 2020, valores mais altos foram cobrados. Na ocasião, os PMs receberam R$ 5 milhões para permitir a fuga de Marcos Roberto de Almeida, o “Tuta”.
Outra situação semelhante envolveu “Cebola”, que escapou de uma ação do Ministério Público durante uma festa de aniversário de Ahmed Hassan, advogado ligado à lavagem de dinheiro da facção.
Parceria Entre PMs e Facção Desde 2017
A cooptação de policiais militares pela facção criminosa teria começado em 2017, intensificando-se em 2021, após um traficante fornecer detalhes sobre o esquema em uma conversa informal no batalhão da Rota. Desde então, o envolvimento dos PMs com o PCC vem sendo investigado de forma mais incisiva.
Fonte e Créditos: Metrópoles