
Carlos Bolsonaro debocha de indiciamento e sugere perseguição política: “Alguém tinha dúvida?”
Filho do ex-presidente critica investigação da PF sobre esquema de espionagem ilegal; mais de 30 aliados de Bolsonaro foram indiciados, incluindo o próprio ex-presidente.
O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) reagiu com ironia ao ser indiciado pela Polícia Federal no caso da chamada “Abin paralela”, um suposto esquema de espionagem ilegal montado durante o governo de seu pai, Jair Bolsonaro. Em uma publicação nas redes sociais nesta terça-feira (17), ele questionou o motivo do indiciamento e insinuou perseguição política:
“Alguém tinha alguma dúvida de que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência”, escreveu ele, em tom provocativo.
A investigação conduzida pela Polícia Federal apontou o uso da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ilegalmente adversários políticos do então presidente Bolsonaro. Segundo o relatório, entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), mais de 30 pessoas foram indiciadas por envolvimento no esquema.
Entre os nomes estão Jair Bolsonaro, o deputado federal Alexandre Ramagem — ex-diretor da Abin —, e até o atual chefe do órgão, Luiz Fernando Corrêa, indicado já na gestão Lula. O documento aponta um “conluio” entre antigas e novas gestões da Abin para ocultar as ações clandestinas de monitoramento.
As investigações revelaram que um software espião chamado “FirstMile” teria sido usado mais de 60 mil vezes entre 2019 e 2023, com um pico em 2020, ano de eleições municipais. A operação da PF que revelou o uso do programa foi batizada de Última Milha, em alusão ao nome do software.
No início de 2024, endereços ligados a Ramagem foram alvos de busca e apreensão na chamada Operação Vigilância Aproximada. As ações fazem parte de um esforço da PF para desmontar o suposto aparato de espionagem que teria sido utilizado para proteger interesses pessoais e políticos da família Bolsonaro.
A investigação segue sob análise do STF, que avaliará os próximos passos do processo e possíveis denúncias formais contra os envolvidos. Enquanto isso, Carlos Bolsonaro transforma o indiciamento em palanque político, alimentando a narrativa de vitimização às vésperas da corrida eleitoral de 2026.