Catador de Materiais Recicláveis com Autismo Descreve Dificuldades Impostas pela Tornozeleira Eletrônica após Prisão no 8 de Janeiro

Catador de Materiais Recicláveis com Autismo Descreve Dificuldades Impostas pela Tornozeleira Eletrônica após Prisão no 8 de Janeiro

Jean de Brito, um jovem autista de 28 anos, viu sua vida virar de cabeça para baixo após ser preso no fatídico 8 de janeiro. Acostumado a acordar cedo e trabalhar com sua família na coleta de materiais recicláveis, ele agora carrega a humilhação de uma tornozeleira eletrônica, além de restrições absurdas que o impedem de seguir com seu trabalho diário. Jean foi preso simplesmente por tentar proteger idosas do gás lacrimogêneo perto do Planalto. É revoltante ver alguém em uma condição tão vulnerável ser tratado dessa maneira!

Solto em julho, ele foi submetido a uma série de medidas restritivas, incluindo o uso da tornozeleira, o que limita até mesmo o direito de trabalhar. Imagine só, ele não pode fazer hora extra com sua família ou sequer trabalhar nos finais de semana. Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, Jean é obrigado a ficar em casa aos sábados e domingos, sem a menor chance de aumentar sua renda com “bicos” que poderiam ajudar a sustentar sua família. É de uma crueldade inacreditável. Como alguém pode achar justo impedir que um catador de materiais recicláveis trabalhe honestamente?

No vídeo enviado à sua advogada, Jean desabafa sobre sua difícil realidade, como se a prisão e as restrições não fossem castigos suficientes. Ele foi para Brasília num ônibus de manifestantes, apenas para protestar contra o aborto, sem informar seus pais, que só souberam da situação quando ele já estava preso na Papuda. Um jovem autista, com deficiência intelectual moderada, foi arrastado para uma situação que ele mal compreendia.

Sua defesa agora luta no STF para provar a inimputabilidade, com base no fato de que Jean não tem plena capacidade de entender a gravidade dos atos que cometeu. Um laudo pericial da Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou seu estado de saúde delicado. O que a justiça precisa entender é que Jean não deveria estar sendo tratado como um criminoso, mas sim com a dignidade que merece.

FONTE: Revista Oeste

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