
Censura no ar: Rússia interrompe transmissão após Lula mencionar usinas nucleares
Fala sobre cooperação em energia nuclear com Moscou é cortada sem explicação durante reunião transmitida ao vivo; silêncio levanta suspeitas sobre sensibilidade do tema para o Kremlin
Durante uma visita oficial a Moscou, na sexta-feira (9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi surpreendido por um corte repentino na transmissão ao vivo de sua reunião com o presidente Vladimir Putin. O motivo? Lula havia acabado de tocar em um ponto sensível: o interesse do Brasil em desenvolver parcerias com a Rússia no setor de energia nuclear.
A fala, transmitida brevemente pelos canais oficiais russos, foi interrompida logo após o presidente brasileiro declarar:
“Temos grande interesse em aprofundar a cooperação com a Rússia, especialmente na área energética, incluindo as pequenas usinas nucleares.”
Depois disso, o vídeo foi cortado — sem explicações, sem transição, sem continuação. O restante da conversa entre os dois líderes não foi divulgado, alimentando especulações sobre possíveis desconfortos do Kremlin em torno do tema nuclear.
Essa proposta de parceria integra um projeto ambicioso do governo brasileiro, por meio do Ministério de Minas e Energia, para diversificar a matriz energética com reatores nucleares modulares (os chamados SMRs – Small Modular Reactors). A ideia é explorar com mais eficiência as vastas reservas de urânio do país — o Brasil tem a sétima maior reserva do mundo, mas ainda pouco aproveitada.
Embora o assunto já tenha sido pauta em encontros anteriores, como a visita do chanceler russo Sergei Lavrov ao Brasil em 2023, o corte abrupto da transmissão acendeu um alerta: será que a Rússia teme exposição excessiva sobre suas intenções e acordos nesse setor?
No mínimo, o episódio revelou que, mesmo entre aliados, há temas que ainda caminham em terreno minado — e que, quando a energia é nuclear, o silêncio pode ser mais explosivo que as palavras.