Centrão Divide Apoios e Evita Compromissos com Lula para 2026

Centrão Divide Apoios e Evita Compromissos com Lula para 2026

Mesmo com cargos no governo, partidos mantêm cautela sobre aliança eleitoral futura

Apesar do recado direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a partidos do Centrão durante uma reunião ministerial, questionando se pretendem “continuar trabalhando” com o governo nas eleições de 2026, as principais siglas do bloco ainda hesitam em declarar apoio ao chefe do Executivo.

Essa postura reflete tanto a divisão interna entre lideranças partidárias quanto a estratégia de aguardar o cenário político de 2025, incluindo o desempenho do governo e sua popularidade, antes de assumir compromissos formais.

Indefinições e Resistências

Mesmo ocupando ministérios na Esplanada, siglas como União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos seguem divididas. Enquanto alguns líderes defendem alianças futuras, outros se mostram contrários à reeleição de Lula. Nomes como os governadores Ratinho Junior (PSD), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) despontam como possíveis pré-candidatos à presidência em 2026.

Ministros ligados ao Centrão admitem que qualquer declaração de apoio neste momento seria apenas simbólica, sem garantias de que será mantida até as eleições. Um dos ministros destacou: “Nos partidos, há setores aliados e setores contrários. Uma decisão agora só causaria fragmentação. O ideal é buscar o consenso lá na frente.”

Geografia e Estratégia Partidária

A escolha por apoiar Lula ou não também carrega um peso regional. No Nordeste, onde o presidente mantém forte popularidade, declarar apoio agora pode ser vantajoso. Por outro lado, nas regiões Sul e Sudeste, há mais resistência entre parlamentares e eleitores.

O União Brasil, por exemplo, ainda que ocupe três ministérios, tem lideranças, como Ronaldo Caiado, declarando abertamente oposição ao governo. Já no MDB, o cenário é mais complexo: enquanto figuras como Renan Calheiros defendem aliança com Lula, outras, como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, sugerem distanciamento.

Reforma Ministerial e Pressões por Mais Espaço

Com a eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) como provável presidente da Câmara, a pressão por mais espaço no governo aumenta. Republicanos e PP, com apenas um ministério cada, já demandam maior representatividade na Esplanada.

Além disso, o PSD busca reposicionar sua presença, pedindo pastas mais estratégicas. Parlamentares da sigla argumentam que, embora sejam fiéis ao governo no Congresso, não têm recebido reconhecimento proporcional.

O desfecho das negociações dependerá, em grande parte, da habilidade do governo em equilibrar interesses internos no Congresso e consolidar sua base de apoio até as eleições. Por ora, o Centrão continua com um pé no governo e outro fora, mantendo as opções abertas até 2026.

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