
Cessar-fogo frágil no Mar Negro: Rússia e Ucrânia fazem acordo sob pressão dos EUA
Trégua temporária depende de garantias financeiras e pode ser rompida a qualquer momento
Os Estados Unidos intermediaram um acordo entre Rússia e Ucrânia para reduzir os ataques a alvos estratégicos. A trégua envolve a suspensão dos bombardeios no Mar Negro e uma pausa temporária nos ataques à infraestrutura energética. No entanto, Moscou e Kiev já deixaram claro que a paz pode ser efêmera: os russos exigem o retorno de seus bancos ao sistema financeiro global, enquanto os ucranianos não aceitam que sanções sejam suspensas.
O que foi acordado sobre o Mar Negro?
O Mar Negro é um ponto vital para a economia ucraniana, pois por ali escoa grande parte da produção agrícola do país. Desde o início da guerra, a Rússia impôs um bloqueio naval, comprometendo as exportações ucranianas e impactando os preços dos alimentos no mundo.
Recentemente, a Ucrânia conseguiu recuperar parte do controle marítimo e reabrir seus portos, mas as cidades portuárias continuam sendo alvos de ataques russos. Com o novo acordo, Moscou se comprometeu a interromper os bombardeios, mas condicionou a suspensão dos ataques à reintegração de bancos russos ao sistema financeiro global — uma exigência que não foi bem recebida por Kiev.
Acordo sobre infraestrutura energética: uma trégua com data de validade
Nos últimos anos, a guerra tomou um novo rumo, atingindo diretamente a infraestrutura de energia dos dois países. Moscou bombardeia usinas e redes elétricas ucranianas, alegando que elas abastecem a capacidade militar do país. Em resposta, Kiev passou a atacar instalações de petróleo e gás na Rússia, argumentando que essas estruturas financiam o esforço de guerra de Putin.
A pausa nos ataques, segundo o Kremlin, já está em vigor desde 18 de março e deve durar 30 dias. No entanto, a Ucrânia não reconhece esse prazo e afirma que só aceitará a suspensão se houver um acordo formalizado.
Rússia e Ucrânia trocam acusações e desconfiam uma da outra
Ambos os países dizem confiar nos Estados Unidos para garantir que o acordo seja cumprido, mas a desconfiança mútua permanece. O chanceler russo, Sergei Lavrov, afirma que Moscou só aceitará o cessar-fogo se houver “garantias claras” de que Kiev cumprirá sua parte. Já o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou que os termos do acordo já estão valendo e ameaçou pedir mais sanções contra a Rússia caso os ataques continuem.
Trump e seu papel controverso na negociação
O presidente dos EUA, Donald Trump, tem pressionado Rússia e Ucrânia a negociarem um cessar-fogo, mas sua postura tem gerado desconfiança. Especialistas alertam que Trump, ao adotar parte da narrativa russa e responsabilizar a Ucrânia pela guerra, pode estar inclinando a balança a favor de Putin.
A aproximação entre Washington e Moscou preocupa aliados europeus, que temem que Trump esteja negociando um acordo que enfraqueça a Ucrânia e comprometa a segurança da região.