Checagem confirma resultado divulgado pela oposição na Venezuela
A MOE (Missão de Observação Eleitoral), plataforma de organizações da sociedade civil para observação da integridade eleitoral situada na Colômbia, revisou os boletins de urnas (também chamados de atas de votação) das eleições presidenciais da Venezuela e ratificou o resultado divulgado por opositores.
Os venezuelanos foram às urnas em 28 de agosto para escolher quem comandará o país pelos próximos 6 anos. Em 2 de agosto, o conselho eleitoral, aliado ao regime, confirmou a reeleição do presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda) com 51,95% dos votos. Em 29 de julho, o líder chavista já havia se autodeclarado presidente da Venezuela.
O órgão eleitoral, porém, não tornou os boletins de urnas públicos. Divulgou apenas 2 deles, com resultados agregados: o 1º boletim saiu já na noite de votação, com 80% dos votos apurados; e 0 2º foi divulgado 5 dias depois, com 96,87% dos votos, totalizando 12.335.883 registros.
O conselho eleitoral afirmou que Maduro foi reeleito com 51,95% dos votos. (6.408.844 votos), contra 43,18% (5.326.104 votos) do principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita). Em 29 de julho, o líder chavista já havia se autodeclarado presidente da Venezuela.
Sem acesso à íntegra dos dados oficiais e em meio a acusações de fraude, a oposição publicou os resultados de uma contagem paralela dos votos na internet. González aparece com 67% dos votos, ante 30% de Maduro. Neste caso, foram verificadas 24.532 (73%) do total de 30.026 atas.
Na 2ª feira (5.ago), foi a vez do candidato da oposição se autodeclarar presidente. Citou um relatório da organização Centro Carter, que declarou que a eleição na Venezuela não foi democrática por não atender aos padrões internacionais.
Na análise, o MOE checou a veracidade das atas por meio da verificação manual de 100 desses documentos. Para a contagem, considerou 21.952 registros, pois os demais estavam em imagens de baixa resolução, não possibilitando leitura. Com isso, a plataforma confirmou a vitória de González em todos os Estados do país, com 67,2%, enquanto Maduro teria 30,4%.
A checagem foi feita com informações disponibilizadas num QR code presente nas próprias atas, que mostra o local específico onde o voto foi depositado e o número de votos recebido por cada partido. Também conferiu as assinaturas presentes nos documentos.
Em consonância com o que exige a oposição e parte da comunicada internacional, a MOE pediu que o governo da Venezuela “torne pública a imagem digitalizada de cada um dos registos eleitorais […] para que se possa identificar se existem argumentos e evidências técnicas que permitam compreender o que aconteceu no âmbito desse processo eleitoral”.
Também destacou a necessidade de “uma auditoria abrangente das linhas de transmissão de informações, bem como dos registros de segurança do processo” e a “abertura e auditoria do código-fonte do sistema central de consolidação de informações”. O objetivo é identificar possíveis fraudes e “erros ou alterações na programação que possam fazer com que os resultados sejam registrados incorretamente”.