
Chefe que humilhou funcionária com sorteio de carro é preso em operação da PF contra o tráfico internacional
Rodrigo Morgado, que tomou veículo de funcionária sorteada e a demitiu, foi flagrado com arma ilegal durante ação da PF ligada a megaesquema de tráfico com ramificações em três países.
O empresário Rodrigo Morgado, dono da Quadri Contabilidade e conhecido por tomar de volta um carro sorteado para uma funcionária durante uma festa da empresa, foi preso em flagrante nesta terça-feira (29) pela Polícia Federal em São Paulo. Durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão em um dos endereços ligados a ele, agentes encontraram uma arma de fogo sem documentação no veículo do empresário.
A prisão ocorreu no âmbito da Operação Narco Vela, que investiga uma rede de tráfico internacional de drogas com atuação em cinco estados brasileiros e três países — Estados Unidos, Itália e Paraguai. Segundo a PF, a organização usava veleiros e pesqueiros para transportar grandes quantidades de cocaína do litoral paulista até a África.
Além de Morgado, outras 23 pessoas já haviam sido presas até as 14h. A operação cumpriu 62 mandados de busca e apreensão e bloqueou bens e contas dos investigados. Entre os patrimônios apreendidos de Morgado estão dois carros de luxo.
O caso do carro sorteado
Rodrigo Morgado virou notícia no final de 2024, quando realizou um sorteio de um Jeep Compass 2017 entre os funcionários da empresa. A ganhadora, a auxiliar contábil Larissa Amaral da Silva, acabou perdendo o prêmio após ser demitida.

Segundo Morgado, ela teria descumprido regras internas que condicionavam a posse definitiva do veículo ao cumprimento de metas específicas, como atrair novos clientes e participar de treinamentos. Larissa, por sua vez, relatou que foi pressionada após reclamar dos constantes problemas mecânicos do carro e acabou dispensada de forma arbitrária.
A postura do empresário foi amplamente criticada nas redes sociais, sendo vista por muitos como uma atitude autoritária e desrespeitosa com os trabalhadores.
Agora, o mesmo chefe que tentou justificar a retirada do prêmio e a demissão da funcionária por “conduta inadequada” responde à Justiça por porte ilegal de arma e é um dos alvos centrais de uma investigação que mira um esquema milionário de tráfico de drogas.