China financia rede global de mais de 100 sites para propagar o comunismo
A China está supostamente financiando mais de cem sites de notícias locais em uma ampla rede de desinformação conhecida como “Paperwall”, de acordo com uma pesquisa do Citizen Lab da Universidade de Toronto. Estes sites, distribuídos em 30 países, incluindo o Brasil, são acusados de disseminar propaganda comunista e realizar ataques pessoais contra críticos do regime chinês. O estudo revela que esses veículos, inicialmente aparentando autonomia, estão, na verdade, sob o controle da empresa de relações públicas chinesa Shenzhen Haimaiyunxiang Media Co., Ltd., especializada na disseminação de conteúdo promocional em vários idiomas.
A campanha Paperwall utiliza técnicas de engenharia social e manipulação de conteúdo para influenciar a opinião pública sobre questões sensíveis, como a origem da Covid-19, a situação de Hong Kong e Taiwan, e críticas ao Partido Comunista Chinês. Os sites reproduzem conteúdo de fontes legítimas locais, juntamente com comunicados de imprensa comerciais e material político alinhado com a visão de Pequim. A pesquisa destaca a preocupação com a disseminação de desinformação e ataques coordenados contra opositores do governo chinês.
Os pesquisadores também alertam para a “natureza efêmera” da campanha, com artigos agressivos sendo removidos dos sites após algum tempo, dificultando a detecção e exposição da operação. O estudo atribui a rede Paperwall à empresa Haimai com base em evidências de infraestrutura digital, ligando os sites à empresa chinesa. Embora o impacto atual da campanha seja avaliado como insignificante, os pesquisadores alertam para a possibilidade de fragmentos de desinformação serem legitimados pela imprensa ou figuras políticas no futuro.
A Embaixada da China nos EUA criticou o estudo, alegando viés e duplo padrão. O pesquisador Alberto Fittarelli destaca o papel crescente das empresas privadas chinesas na condução de operações de influência, combinando interesses financeiros e políticos. Ele conclui que a campanha Paperwall é um exemplo de colaboração entre o setor privado e o governo chinês em operações de influência, ressaltando que esse modelo de plausível negação está se tornando mais comum nas estratégias chinesas.